Jornal Pires Rural – Edição 242 | LIMEIRA, Junho de 2020 | Ano XV
Covid-19… todas as formas de diversão foram afetadas, todas as formas de contato entre as pessoas foram afetadas, todos as formas de trabalho foram afetadas. O que é importante agora e como viveremos depois dessa pandemia? O ser humano descobriu que além de manter-se seguro, em casa, para proteger-se do novo coronavírus outra coisa também importa: música! Esse é o motivo de tantas ‘lives’. Elas servem para aliviar as tensões do isolamento, é o passatempo na falta do encontro com os amigos e, ademais, quem canta os males espanta. Nesse momento estamos valorizando a arte e a expressão dos artistas. Conversamos com Pedro “Gambá” Drago, 45 anos, pai de 4 filhos, artista, músico, produtor musical, sonoplasta e engenheiro de som. Toca guitarra na banda Djamblê, formada em Limeira em 1997, eles fazem um som autoral misturando os estilos rock, rap, jazz, ska e hardcore. “Tenho meu estúdio Level 10, há 23 anos, onde gravo e produzo bandas de todos os estilos musicais, faço trilhas sonoras para curta metragens, jingles e alugo sala para ensaio. Trabalho como engenheiro de som para a dupla sertaneja Marcos Paulo e Marcelo (os filhos de Milionário e José Rico) e, rasgamos o Brasil, literalmente, fazendo shows”, disse Pedro que também nos contou um pouco de sua experiência nos palcos da vida e como está sendo se manter isolado de toda a diversão noite adentro. Ainda bem que podemos contar com artistas como ele, que compartilham de suas expressões para nos trazer paz e distração. Acompanhe a entrevista, feita de longe, por WhatsApp;
Jornal Pires Rural: Como é ser um artista que, por conta do coronavírus, está sem um lugar apropriado para se expressar?
Pedro Gambá: Na parte de shows e espetáculos estamos sem chão, sem norte também mas, olha eu viajo muito com a dupla, perco um tempo precioso nas estradas, de um lugar pro outro, ficar com minha família está sendo maravilhoso mesmo!!
Jornal Pires Rural: De que forma esse isolamento influenciou seu processo criativo?
Pedro Gambá: Outra coisa que está sendo legal pra mim, eu estou compondo muito. Estávamos gravando músicas novas (com o Djamblê), antes de parar tudo. Então, tem muito material pra trabalhar. No início da pandemia eu estava fazendo duas músicas por dia agora, está saindo uma por semana.
Jornal Pires Rural: Pedro, você promoveu ou participou de ‘lives’?
Pedro Gambá: Sim, participei de duas com Marcos Paulo e Marcelo e uma com outro ícone da música sertaneja de raiz Duduca e Dalvan. Dia 3 de julho tem mais uma live com Marcos Paulo e Marcelo.
Jornal Pires Rural: Os caches oferecidos por festivais com transmissão virtual são honestos?
Pedro Gambá: Da nossa parte ali, com a dupla Marcos Paulo e Marcelo posso dizer que sim e, melhor ainda, sempre tem uma grana a mais pois, eles fazem leilões, pessoas doam dinheiro para entidades nessas lives mas, tem uma galera que sabe da nossa realidade, sem trabalhar e, doam pra banda também, e isso é dividido entre todos. Tenho muitos amigos músicos que estão fazendo suas próprias lives e colocam um QR code, fazem vaquinha virtual e as pessoas colaboram mas, acredito que não dá pra comparar com o que fazíamos todos os fins de semana de três a quatro vezes por semana.
Jornal Pires Rural: Qual o número de pessoas se envolvem nos bastidores de uma apresentação em que você participa?
Pedro Gambá: Diretamente, pegando pesado o tempo todo, uns 30 profissionais entre músicos, roadies, técnicos, carregadores e artistas.
Jornal Pires Rural: Tem notícias de como esses profissionais estão passando nesse momento, em que tudo está fechado para atividades que reunam pessoas?
Pedro Gambá: Eu tenho tido muita ajuda da nossa família mas, tenho notícias de muitos amigos na mesma situação, tem muita gente ajudando por essas lives. Direto me ligam dizendo que fizeram uma live, estão com cestas básicas e me perguntam se eu sei de alguém que também esta precisando.
Jornal Pires Rural: De que forma você está imaginando, vai ser a volta pra as apresentações nas casas de show e espaços públicos?
Pedro Gambá: Não consigo ter uma resposta pra esse pergunta. Cada semana as coisas mudam, aqui perto da gente os casos estão numa crescente de assustar. Começa a chegar notícias de casos perto da gente, de familiares, de amigos que ja morreram.
Jornal Pires Rural: Como estamos vendo a abertura de comércios e shopping está atraindo um movimento considerável de pessoas. Além do isolamento social, evitar aglomerações é uma das atitudes para prevenção contra o novo coronavírus. Acredita que ao abrir os locais de eventos, a presença do público, avido por poder sair e curtir, será acima do normal, como antes da pandemia? E ainda, você sente uma responsabilidade, onde artistas, produtores e religiosos, devem ser lideranças e ter o cuidado com a vida das pessoas?
Pedro Gambá: Quando abriram um shopping aqui perto de casa, fizeram fila. Acredito que não esteja na hora de abrir. Brasileiro adora festa, adora gente, adora abraçar e beijar. Difícil conter a massa, quando falarem que vai ter festa acho que todo mundo vai com força. Aquela frase dos pais sabe; “o exemplo vem de cima”, somos formadores de de opinião e temos o dever de zelar pelo bem-estar dos nossos. Uma pena o desgoverno, as pessoas não sabem em quem confiar aí, fazem o que acham certo e muitas vezes influenciadas pelo presidente, outros pelo governador. Estamos à deriva, na verdade.
Muito boa a entrevista.
Gambá eh dos melhores profissionais do mercado musical.