Edson Pinto Junior nos concedeu uma entrevista para falar sobre a experiência no plantio de soja que tem produzido juntamente com seu irmão Matheus Esquizzato Pinto e o pai Edson Pinto, família tradicional da citricultura que agora investe integralmente na produção de grãos no bairro dos Frades, em Limeira. Gradualmente o investimento em soja está aumentando, no primeiro ano eles plantaram 30 hectares, no segundo ano foram 55 hectares, no terceiro ano de plantio, colheram o equivalente a 130 hectares e, para a próxima safra estão programando uma área de 330 hectares para a soja, “desses, 220 hectares são arrendados de terceiros, e 120 hectares é arrendados de nossos familiares”, contou.
Junior destaca que na terceira safra de soja resolveu aplicar pó de rocha, o remineralizador MR4, em uma pequena área da propriedade para testar seu efeito na produção do grão e na recomposição do solo. O MR4 aumenta o poder de germinação das sementes e melhora o desenvolvimento das raízes e parte aérea das plantas. O remineralizador tem efeito residual prolongado, maior resistência das plantas ao estresse hídrico, ajuda a liberar o fósforo retido no solo e vale dizer que, usando o remineralizador é possível reduzir os custos com fertilizantes químicos, podendo até substituí-los.
Investimento em grãos
Junior relata, “em março colhemos a nossa terceira safra de soja. De cinco anos para cá, vínhamos com um plantio de milho, errando muito com o clima, condição de solo. Não alcançava uma produtividade boa para pagar o arrendamento e se manter, nossas terras são todas arrendadas. Um conhecido nosso, o Edmar Asbahr, nos deu a ideia de plantar soja, falando que era melhor que o milho, mais lucrativo e eu não acreditava. Tinha a ideia que em soja tem que passar muito veneno, não queria plantar soja. De tanto ele falar começamos o plantio”, disse.
De acordo com Junior a opção foi parar com a cultura do milho porque é mais arriscado do que a soja, necessitando que os índices climáticos, especialmente a temperatura, precipitação pluviométrica, atinjam níveis considerados ótimos, para que o seu potencial de produção se expresse ao máximo e, nos últimos anos, o clima de nossa região, considerando o período de dezembro a março, tem sido de pancadas de chuva irregulares e temperatura alta. “Nós tínhamos conhecimento que a nossa região produz uma média de 60 a 70 sacas de soja por hectares. No primeiro ano fizemos uma parceria com uma empresa, só que ela não tinha pessoas qualificadas para nos ensinar. Tivemos prejuízo, não deu certo, produziu 45 sacos, em média, por hectares, empatou o investimento. Um dos erros foi o inoculante (um insumo constituído em sua formulação de células bacterianas de Bradyrhizobium que em sua ação infectam as raízes da planta e ocasionam a formação de nódulos, são nestes nódulos que ocorrem a fixação de nitrogênio pela planta, essa nodulação também acarreta no aumento da área de absorção pela raiz), não aplicamos a quantidade certa, usamos referente a uma terra que já vinha produzindo soja e já tem a bactéria na terra, a gente errou. Porém, dando tudo errado ela se pagou, tanto custo quanto arrendamento. Não ganhamos nada, mas também não perdemos. Como vimos que o erro, em grande parte foi nosso, tentamos novamente no ano seguinte, trocamos de empresa e fizemos melhor. Foi quando tivemos uma produção média de 80 sacas de soja por hectares, isso foi em 2018, encontramos outra empresa que enviou um técnico que havia feito estágio no Maranhão, o Lian Schimidt, uma pessoa dedicada, nos acompanhou semanalmente, ensinado, foi um sucesso. Aí, a gente gostou, mesmo sendo um ano sofrido com a seca e, mesmo assim tivemos uma produção excelente, muito acima da média”, Junior revelou.
Pó de rocha
“O meu avô trabalhava com o Calcário Cruzeiro
antes da década de 80, e o o Cristiano Silvestre (gerente comercial) veio nos mostrar um novo produto chamado pó de rocha, que são várias substâncias que repõe nutrientes no solo, tem silício que auxilia na época de estiagem, se der um veranico a soja pode aguentar mais. Foi quando resolvemos usar na Fazenda Jatobá, uma área de 26 hectares. Separamos 10 para aplicação do pó de rocha (MR4), e 16 hectares de testemunha. Optamos em uma área do sítio, de terra bem arenosa, em que a produção sempre foi fraca tanto milho quanto a soja. Mesmo assim a gente plantava nessa parte. Aplicamos o MR4 ali, na parte de solo mais fraco para testar e ver o resultado. Foram 5 toneladas de MR4 por hectar em seguida plantamos a soja. A produção foi de 84 sacas de soja, anteriormente produziu 80 sacas, e na área que usamos como testemunho produziu 76 sacas, então, entendemos que tivemos um ganho de 8 sacas por hectar. É bem legal você pegar uma terra que está patinando e você aplicar o MR4 e ver aumentar a produtividade. Melhorou peso de grão, aumentou o CTC do solo em 10 pontos (capacidade de troca de cátions), segundo a analise de solo pois, fizemos uma antes da aplicação do MR4 e uma depois da colheita, elevou o nível de potássio, fósforo e matéria orgânica. Além do grão sair uniforme, pesado, bonito, foram 840 sacos, foi uma carreta e um truck”, relata o produtor.
Junior descreve a relação com empresa Calcário Cruzeiro, que está lançando o MR4, “é uma empresa séria, meu avô é cliente desde os anos ’70, então, nós acreditamos e deu proveito, pagou o custo. Aplicamos 5 toneladas por hectare MR4, me devolveu 8 sacas a mais por hectare, vendidas a R$90,00 um total de R$720,00, então tivemos um lucro de R$270,00 por hectare, em 10 hectares R$2700,00. Agora se fosse 300 hectares, seria muito mais”, ele relata.
Campeonato
Junior acompanha, pela internet, o plantio de soja pelo Brasil, esse ano quer participar de um campeonato de quem produz mais soja por hectare. “Vamos aplicar o MR4 esse ano novamente, porque quero participar do concurso do CESB — Comitê Estratégico de Soja do Brasil, vamos aplicar pra buscar a produção de 120 sacas de soja. Tenho uma área de 20 hectares, que já venho trabalhando há 6 anos, plantei dois anos milho e esse será o quarto ano com soja, é uma terra que tem correção todo ano, um solo vermelho forte, esse ano produziu 103 sacas de soja. Então, vamos usar esse local como área experimental para o concurso, queremos chegar nas 120 sacas, se Deus ajudar com chuva! Lá é uma área que utilizo a semente Monsoy 5917. Vamos tentar plantar mais devagar, distribuir melhor a semente, um pouco mais de adubo, melhorar mais o foliar, vamos aplicar calcário, pó de rocha e gesso”, relata o produtor esperançoso.
O futuro da soja
Junior comenta sobre os preços pagos pelo grão, “quando começamos a soja era vendida a R$70,00 a saca, hoje estão falando em R$110,00, tínhamos contrato a R$80,00. Pra deixar armazenado durante o ano é um preço bem barato mas, se virar de ano e a soja ainda ficar armazenada, é cobrado armazenagem, cobram os expurgos e outras taxas, então, sempre é melhor vender até dezembro, o custo é menor. Porém, se você tiver uma projeção que o preço será maior, você pode deixar armazenado, na espera, o risco é seu” comentou.
Perguntamos como ele enxerga o futuro da soja em nossa região, caracterizada por propriedades pequenas entre 2 a 5 alqueires, Junior descreve as mudanças nas lavouras; “em nossa região antes era laranja, aí virou cana. Quase toda família está saindo do sítio, indo para a cidade morar e arrendando para cana, que se torna uma concorrente da soja. Não conseguimos competir com a cana porque ela dá um arrendamento maior ao proprietário, se a cana abrir espaço, com certeza vai entrar soja. Queremos crescer na soja, só que para poder aumentar tem sair cana, nosso próximo plantio serão 300 hectares, o que equivale ao arrendamento de quase 40 sítios, dá uma distancia de 20 km um do outro. Todo maquinário são nosso, caminhão, trator, colheitadeiras então, tem a questão de perder tempo no deslocamento, trator que roda muita na estrada e desgasta pneu, desgaste de maquinário. Para entrar no mercado de soja, tem que ter produção, ou você entra na dança ou você sai fora, não dá pra ficar no meio termo. A nossa região tem muitos sítios pequenos, 2 a 3 alqueires. Em nosso caso temos que ter produção para pagar o arrendamento e sobrar alguma coisa para poder viver, a gente vem buscando mais produção para poder pagar mais arrendamento e permanecer no mercado”, concluiu o jovem produtor.