O casal Erika Filier e Tiago Pacola se propuseram um desafio na viagem de férias, curtir juntos mas separados o Sul do Brasil, ela a bordo de uma caminhonete pick-up e ele no pedal da Mountain Bike. Tiago é presidente do Limeira Bike Clube e desejava fazer a rota do Vale Europeu na “pedalada” enquanto sua esposa, advogada, preferia seguir de carro. Saiba como foi esse passeio no relato que eles escreveram especialmente ao Jornal Pires Rural; com a palavra Erika Filier:
“Nossa aventura começou em maio deste ano quando decidimos conhecer o Vale Europeu, situado no Sul do País. Todavia o grande dilema era; como fazer o cicloturismo em casal, com uma pessoa que pedala e a outra que não pedala?
Resolvemos a questão da seguinte forma: meu marido, Tiago, atual presidente do Limeira Bike Clube, que é praticante da “pedalada” iria de bicicleta e eu iria fazer seu apoio com o nosso veículo.
Resolvido essa questão, surgem outras dúvidas, como por exemplo, onde parar para fazer o apoio? O que levar de roupas? Iríamos conseguir andar próximos? Onde comer no meio do pedal? Conseguiríamos descansar? E, assim por diante.
Cada vez que se aproximava a nossa ida, mais a ansiedade aumentava pois, esta seria a primeira vez que iríamos nos aventurar desta forma e somente o casal.
Assim, decidimos analisar todo o trajeto, determinar alguns pontos de parada com o carro e quais os locais que iríamos pernoitar.
Tudo no papel estava perfeito, e na prática, como ocorreu?
Por incrível que pareça aconteceu de uma maneira maravilhosa; saímos de Limeira (SP), no dia 31 de maio, dormimos em Curitiba (PR), pegamos Lockdown (que susto) a cidade parada e tudo fechado, por sorte o nosso hotel nos serviu o jantar.
No dia seguinte seguimos rumo ao Sul, onde nos hospedamos no Timbó Park Hotel, na cidade de Timbó (SC). Que lugar gostoso, nosso quarto em estilo europeu, com piso e teto de madeira, tudo muito charmoso e estiloso, tomamos um bom banho e após o jantar fomos descansar porque nossa aventura estava prestes a iniciar, assim que amanhecesse o dia.
Amanheceu e logo após o café da manhã (que não foi tão cedo, porque odeio acordar cedo) saímos, o Tiago com sua Mountain Bike e eu com o nosso carro. Carregamos nossas malas, água, algumas comidinhas, como batatinha, salgadinhos, suco, lanches e fomos começar o tão sonhado passeio do Vale Europeu. Hora de tirar foto de tudo, registrar cada momento.
Meu marido entregou a mim um tal de Garmin (Jesus! Como usar isso, ele não “fala” como um GPS, você tem que seguir a seta e se sair do percurso tem que dar um jeito de voltar); vamos lá seguir o tal Garmin e o marido.
Saímos da cidade e logo vislumbramos a estrada de terra, chão batido mesmo, montanhas verdes, casas simples, outras nem tanto, espalhadas pelos campos que passávamos. A paisagem é simplesmente exuberante, encantadora e, só de estar ali, de carro mesmo, sente-se uma paz muito grande.
Por sorte e com as bençãos de Deus todo este dia eu e o esposo ficamos pertinho, às vezes ele ia na frente com a bike, outras vezes eu o passava com o carro, e íamos cada qual em seu veículo, admirando tudo que víamos, rios, pontes, casas, etc.
Interessante ressaltar que quando se fala em Sul logo se pensa em vinícolas, casas, cidades, restaurantes, etc, mas, este passeio não tem essa característica, nós começamos a conhecer a área rural do Sul do País, algo ainda pouco explorado.
Todo o percurso, todo percurso mesmo, nós fizemos juntos, eu sempre ao lado do Tiago, com o nosso carro e dando apoio com água e alimentação. Admiramos e fotografamos cada lago, rio, cachoeiras, igrejas, cemitérios (e olha que tem bastante por lá, todos em cima dos morros, muito provavelmente para não haver contaminação do lençol freático, — eu acho), pássaros, casas incríveis, uma geografia de dar inveja a qualquer pessoa, somente Deus para desenhar tudo o que tivemos o prazer de ver, conhecer e sentir.
Nossa rotina diária após tomar o café da manhã, nos lugares que nos hospedávamos, era carregar as malas, nos abastecer de água, separar as comidinhas e sair pra pedalar, no caso o Tiago e eu saia para dirigir o dia todo, sempre ao lado dele. Saíamos de um lugar e dormíamos em outro e assim foram os 5 dias de pedal.
No final do dia, após o pedal, saíamos para dar uma volta nas cidades, conhecer seu entorno, pontos turísticos, morros, monumentos, restaurante típico, cachoeiras, muitas cachoeiras e assim por diante. Quanta água tem naquele local, ficamos admirados com a quantidade de rios e de plantações de arroz.
Sempre era uma surpresa o local em que a gente ia se hospedar (fomos com todas as reservas feitas), o que íamos jantar, onde iríamos almoçar e assim por diante, pois os locais em que passávamos eram simples e, em uma cidade ou outra não tínhamos local para jantar, comíamos o que nos era oferecido na hospedagem, a comida sempre era gostosa, feita com carinho e amor, comemos muito bem.
Todos os municípios que visitamos eram pequenos, cidades pacatas, com povo hospitaleiro, sotaque típico.
Por quilômetros chegamos a andar margeando rios, outra vezes atravessamos um pequeno riacho de carro e bike, todo dia uma nova aventura, um novo pedal.
Eu era a responsável em carimbar o passaporte do Vale Europeu ao Tiago, sim, quando se faz o percurso deve preencher um passaporte com carimbos em todas as cidades que passar e, faz parte do percurso ao final ganhar seu certificado, o qual vem escrito que, se ‘completou as 7 etapas do clássico circuito de cicloturismo, onde vivenciou o verdadeiro contato social, cultural, gastronômico e natural do Vale Europeu Catarinense’”.
O Tiago cumpriu com maestria as etapas do percurso, pedalou muito, nunca desistiu ou empurrou a bike, venceu todos os desafios do trajeto e como lembrança enquadramos seu passaporte, o qual está em casa para nos lembrar que é possível sim, fazer aventuras de bike e carro, desde que haja vontade, preparo, companheirismo, apoio, determinação e planejamento.
Conhecemos os municípios catarinenses e as belezas naturais de Timbó, Pomerode, Dr. Pedrinho, Benedito Novo, Indaial, Rodeio, Rio dos Cedros, Ascurra, Alto Cedros e no dia 04 de junho terminamos nossa aventura em Timbó, onde tudo começou.
Não vejo a hora de começar a planejar a próxima aventura, adorei percorrer de carro, os caminhos que o Tiago adorou percorrer de bike e, assim foi nossa aventura, que ficará para sempre em nossas memórias. Se nos perguntarem se valeu a pena, acredito que nem precisamos responder a leitura por si só diz tudo”.