“Para viver, temos de nos narrar, somos um produto da nossa imaginação. Nossa memória é, na verdade, um invento, uma história que reescrevemos a cada dia (o que lembro hoje da minha infância não é o que eu lembrava há vinte anos); o que significa que nossa identidade também é fictícia, já que se baseia na memória” Rosa Montero, em “A ridícula ideia de nunca mais te ver”
É com essa citação de Rosa Montero, no livro em que a autora narra seu próprio luto a partir da história da nobre cientista Marie Curie, ganhadora de dois prêmios Nobel, que começo a contar para vocês sobre o Paisagismo Afetivo, minha marca profissional recém-lançada no mercado. Se, de acordo com Rosa Montero, “para viver, temos de nos narrar”, a história de vida do Paisagismo Afetivo se entrelaça com minha própria narrativa profissional e pessoal.
Sou filho e neto de produtores rurais. Meu avô, Jorge Penna, perdeu seus pais quando era muito jovem e, com o apoio de familiares e graças a um aguçado talento para negociações, comprou os primeiros lotes de terra em Pedregulho, município localizado ao nordeste do estado de São Paulo e próximo da divisa com Minas Gerais, numa região conhecida como Alta Mogiana e famosa pela produção de café de alta qualidade.
Após o falecimento de meu avô, a propriedade foi dividida entre os oito filhos e ao meu pai coube uma das partes de terra. É graças a ele que ainda hoje mantemos as rústicas estruturas construídas na época de meu avô, como a residência-dormitório, o curral, o paiol, os barracões para armazenamento de máquinas e equipamentos e a igrejinha edificada na esperança de levar a paz para região. Meu pai também é o responsável por manter a atividade principal iniciada há mais de cem anos pelo meu avô Jorge: a criação de gado de corte, tendo migrado da raça Gir para o atual cruzamento industrial entre Nelore e Brangus.
Foi nesse convívio rural, durante as férias escolares e feriados, que me formei. Essa é a minha raiz e, em grande parte, a residência de minhas memórias afetivas mais significativas. Se você me perguntar qual é a imagem que tenho do campo, irei lhe descrever da seguinte forma: árido e com nuvens de poeira durante à seca, colorido pelos ipês, jacarandás e paineiras, verde e brejoso durante às águas, quando precisamos andar com cuidado no curral para não atolar as botas nas poças de lama.
Desprovido de habilidades comerciais e sem a visão prática de meu pai, sempre tive um olhar diferente para natureza. Poderia ficar horas somente observando as paisagens e imaginando o que existiria mata adentro, quais plantas e animais habitavam aqueles ambientes protegidos. A melhor parte das ‘lidas’ à cavalo era quando tínhamos que procurar as vacas e os garrotes desgarrados dos lotes em meio às matas fechadas. Eu vibrava quando adentrávamos em um local onde eu nunca havia estado, quando precisávamos abaixar a cabeça para se proteger dos galhos espinhentos, levantar as pernas ao passar por um riacho mais profundo, descer do cavalo e puxá-lo pelo cabresto porque o caminho era estreito ou baixo demais.
“Sem essa imaginação que completa e reconstrói nosso passado e que outorga ao caos da vida uma aparência de sentido, a existência seria enlouquecedora e insuportável, puro ruído e fúria” Rosa Montero, em “A ridícula ideia de nunca mais te ver”
Caminho com você até aqui para dizer que nossas memórias são como os jardins, eles são frutos da nossa imaginação e moldam-se com o passar do tempo, adquirindo formas, contornos, proporções e cores distintas conforme nosso olhar se transforma e nossa memória adquire novos filtros incorporados gradualmente ao longo do tempo.
O paisagismo afetivo é um conceito novo – caso se aventure em pesquisar no Google encontrará quase nada sobre o assunto – que promete resgatar a essência do paisagismo como manifestação artística e cultural, incorporando aos projetos paisagísticos as profundas memórias de nossos clientes, de forma que os jardins se tornem, de fato, locais de conexão entre amigos e com familiares, consigo mesmo e com suas raízes afetivas.
Priorizamos a utilização de espécies vegetais nativas em nossos projetos, tanto pelas suas vantagens adaptativas e ecológicas em relação a maioria das plantas exóticas, quanto por acreditarmos que elas exercem um papel fundamental no resgate de nossas memórias afetivas e na valorização de nossa cultura regional. Nossas raízes estão em solo brasileiro, mas seguimos às tendências internacionais do mercado paisagístico.
Oferecemos serviços de elaboração de projetos paisagísticos em diferentes escalas, desde jardins residenciais até parques e praças públicas, e consultoria especializada em implantação e manutenção de paisagismo público e privado. Para tanto, estamos sempre conectados com as novas tecnologias no setor e contamos com uma forte rede de colaboração entre profissionais, com arquitetos, engenheiros, biólogos e botânicos.
- Engenheiro agrônomo graduado pela UNESP/FCA, mestre em Recursos Florestais pela ESALQ/USP e doutorando em Paisagem e Ambiente pela FAUUSP. Fundador da marca Paisagismo Afetivo (hcpenna@gmail.com), produtor de conteúdo digital e impresso e pesquisador associado ao LABVERDE da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
Parabéns parabéns parabéns
Meu primo Henrique eu adorei seu trabalho
Meu parceiro e o Henrique e trabalhar de rural
Parabéns parabéns parabéns
Um abraço seu primo Marcelo e família
É muito bom ver novos olhares sobre o paisagismo e a arte de criar jardins! Parabéns pela inciativa Henrique! Muito sucesso !