Jornal Pires Rural – Edição 234 | LIMEIRA, Novembro de 2019 | Ano XIV
A palmeira – ráfia africana (raphia fanifera) é uma espécie rara e pouco conhecida no Brasil. Trata-se de uma palmeira gigante na natureza das palmeiras, suas folhas atingem por volta de vinte e cinco metros, uma gigante. É uma planta sem caule externo pois, o caule é subterrâneo então, as folhas saem do solo e, dentro da terra permanece um grande tronco. Desta forma, é uma palmeira que não aceita transplante, caso a opção seja plantar com torrão e transplantar em outro local, técnica comumente usada para outras espécies de palmeira. O ideal é formar uma muda em um saco plástico, plantar a muda pequena e aguardar o crescimento da planta.
Uso da ráfia
A ráfia foi uma das primeiras plantas usadas para fazer cordinha de ráfia, porque a planta tem muita fibra nas folhas e ao ser desfiado compõe a corda de ráfia natural, usada em artesanato.O viveirista Edilson Giacon tem uma planta que ele considera nova, foi plantada muda de dois anos, com um metro de altura e hoje, a planta está com dezesseis anos de idade. Recentemente a palmeira começou a soltar os cachos de sementes – são gigantes e chegam atingir dois metros e meio de altura, pesando cento e cinqüenta quilos. As sementes são lindas, lembram as sementes da palmeira buriti – toda desenhada, casca brilhante, é comestível pelos animais (não é consumida por humanos como é a semente do buriti) – usada para decoração.
Essas sementes tem uma curiosidade por serem nativas de brejos, Edilson conta, “eu já colhi sementes e já plantei direto na terra mas, não germina então fui atrás de informações para saber o que tinha de ser feito. Descobri que depois de retirado as sementes de dentro do fruto, é necessário deixá-la alguns dias submersos na água porque, na natureza ela cai na água e numa enchente leva ela pra fora. A planta vai dar uma única floração, por uns dois anos e depois ela vai morrendo lentamente. Quando entra o ciclo da flor, amadureceu o fruto, ela dura de três a quatro anos porque, são vários cachos – quando amadurecer e cair as últimas sementes no solo a planta também já morreu – concluiu o seu ciclo de produzir flores, frutos, para perpetuar a espécie. Uma única planta pode gerar quatro ou cinco mil sementes. Em viveiro é possível germinar quase todas as sementes. As folhas mais velhas ao secar vão caindo e ela vai se desfazendo, vamos retirando conforme caem e quando acabar o ciclo, fica um tronco seco que vai durar uns anos e vai servir para ninhos de araras, papagaios, e outros animais que vivem em troncos”, disse.
A palmeira ráfia e o espaço ecumênico
Edilson Giacon relata uma breve história sobre a palmeira ráfia ligada a área rural de Limeira. “Eu descobri, que tinha um vizinho meu, há dois quilômetros da minha casa, que tinha três plantas enormes, o Sr. Waldomiro Ivers. Ele me arrumou essa planta e um tempo depois, ele veio até aqui e relatou a sua ideia de construir no bairro do Pinhal um espaço ecumênico e precisavam arrecadar verbas para isso. Sr. Waldomiro disse: ‘como essa palmeira ráfia é rara eu formei quase duas mil mudas das sementes de uma única planta e, eu vou doar essas plantas para tentar arrecadar uma verba para a construção’. Eu achei a proposta muito legal e, o incentivei a realizar a campanha. Ele fez um preço, na época, de dez reais – a pessoa fazia a doação e levava a muda dessa palmeira rara. A partir desse momento foram plantadas na região, por volta de quinhentas plantas, tanto aqui no bairro, como na cidade de Limeira, de Artur Nogueira. O que é legal é que muitas delas começaram a produzir frutos, recentemente. A minha planta está um pouco adiantada em relação às outras porque ela está em um local ideal, com muita água. Quando a planta está em um local mais seco ela demora mais para frutificar e a planta não fica tão imponente. A planta ainda é muito rara é muito bonita. Essa campanha do Sr. Waldomiro fez o maior sucesso e, o objetivo foi atingido com a construção do templo ecumênico que está no Centro Rural do Pinhal para quem quiser visitar, ao lado da escola rural Dorivaldo Damm. A iniciativa gerou muitas plantas lindas”, narrou Edilson.