Jornal Pires Rural – Edição 230 | LIMEIRA, Julho de 2019 | Ano XIII
Weslei Mociaro Junior, conhecido e querido por todos como Juninho formou-se em engenharia de produção mecânica, enquanto trabalhava no sítio da família, executando várias atividades e mais recentemente com o plantio de hortaliças. Seu forte é o plantio de brócolis, na época da colheita o padrão da verdura é acima do normal, são poucas as perdas e o aspecto é um brócolis vigoroso, coloração verde intenso e alta sanidade foliar, cabeça arredondada de um tamanho grande, sem igual. O jovem escolheu, depois de estagiar pela faculdade de engenharia, ficar na propriedade, liderando e administrando todo processo, ou seja, o jovem Juninho está na sucessão familiar, dando continuidade a produção de alimentos para atender os mercados e quitandas de Limeira.
Desde pequeno sempre envolvido com as tarefas do sítio, onde a tradição eram as mudas de laranjas porém, devido a rigorosa mudança da legislação fitossanitária na produção de mudas cítricas, a família migrou para horta. Ele conta, “quando exigiram estufas para produção das mudas de laranja, vimos que no início não compensava financeiramente. Aí, fui dedicando a horta. Sempre tive o coração no sítio mas, minha mãe quis que eu continuasse estudando, que fizesse uma faculdade e acabei fazendo engenharia de produção mecânica. Depois fiz dois anos de estágio. Não me agradou e, acabei voltando para o sítio que aqui é minha raiz”, contou Juninho.
Sandra Mociaro, mãe do Juninho, descreve o comportamento do filho, “todo momento que fazia faculdade, também ajudava na produção. Trabalhava como estagiário, em Artur Nogueira, voltava pra casa e a noite ia pra faculdade. Sábado e domingo ele se dedicava no sítio. Eu e o pai dele (Weslei Mociaro), sempre saíamos fazer as entregas e o Juninho focava na produção e nos afazeres diários. É plantar, fazer o tratamento, adubar, molhar, sempre foi ele quem fez. Desde quando estudava na escolinha aqui dos Pires, chegava da aula, vestia a roupinha dele pra mexer no canteirinho, fofiar a terra da cebolinha, colocar esterco de vaca. Ele sempre foi pra roça com a gente. Era aquela cena típica de roça, eu colocava o coxãozinho embaixo do pé de laranja, a mamadeira, o cachorrinho, e o almoço na roça. Depois, foi estudar na cidade, na escola Gabriel Pozzi. Formou-se, parou de estudar um ano, quando eu falei que ele teria que decidir qual faculdade fazer, porque sem faculdade não dá pra ficar. Fazia faculdade mas, sempre estava na roça. Depois de formado engenheiro apareceu oportunidade para trabalhar em cidade grande mas, ele disse que por dinheiro, ficaria na roça porque, fazer aquela vida de horas no trânsito, trabalho, casa, trabalho, não gosta de cidade grande, resolveu ficar por aqui. Não fiquei surpresa com a decisão dele mas, fiquei meio assim, porque queria que se desenvolvesse na profissão, por outro lado fiquei feliz, porque não abandonou o trabalho. Essa escolha, foi porque sentiu no coração que era o melhor. Agora aqui, é 100% em torno dele, é ele quem decide o que vai plantar, ele comanda toda mão-de-obra, a parte de manuseio, de variedades. Eu e o pai só fazemos a comercialização. Ele planta, cuida e nós vendemos”, revelou Sandra.
Horticultura
“Quando ele optou por ficar na agricultura, pensamos no risco porque, você planta, você cuida mas, não sabe se vai colher. Qual quantia vai colher, se vai atender as expectativas, se vai recuperar o investimento, dependemos muito do clima, é sempre um risco. Até agora está dando tudo certo”, completou Sandra.
Juninho enfatiza que ficou com a parte do empreendedorismo na produção das hortaliças, “é a parte do chão, do plantio. Eu vejo a agricultura como um negócio rentável, muitos falam que a agricultura não dá nada, não gera renda, mas isso não é verdade. Pra mim é muito satisfatório e a renda vem sim. Às vezes o clima influencia muito, há perdas com chuvas de granizo ou geada mas, isso acaba sendo recuperado depois, faz parte da natureza, faz parte da vida. Eu também vejo como um negócio de futuro, porque vai crescer muito e será mais rentável. Muitos jovens hoje, estão saindo do sítio e indo pra cidade e deixando escassa a agricultura. Acredito que isso vai acabar elevando os preços dos produtos da agricultura e vai ser uma forma muito rentável de ganharmos dinheiro. Alguns desanimam por causa do clima também, tanto jovens quanto os mais antigos. Vejo outra questão de não permanecerem na agricultura, é a falta de incentivos dos governos. Fora que os jovens hoje, não querem saber de trabalho braçal, querem trabalho de escritório bem mais sossegado. No sítio o trabalho é sol ardido, levantar cedo, ir até a noite e luta pra cima. Não tem domingo, não tem feriado”, relata Juninho.
Quanto ao critério de escolha na hora do plantio, Juninho conta que depende da preferência de cada agricultor, “depende mais do que a pessoa gosta de fazer. Varia muito, às vezes nem é por causa do dinheiro e mais do que gosta de trabalhar, pra ter um trabalho satisfatório. Cada época nós desenvolvemos uma cultura, tem o periodo do milho verde, no inverno plantamos um brócolis, uma couve-flor e vamos diversificando, de olho nas vendas”, citou.
Emprego e renda
Ao ser questionado sobre quem se afasta da agricultura buscando emprego na cidade e depois de certo tempo decidem voltar para a produção no campo, Juninho diz, “o problema disso é o que a pessoa vai plantar quando ela voltar da cidade grande para o sítio. O que ela vai fazer pra começar de novo? Antes ela tinha uma programação, um cronograma no sítio. Quando ela passa alguns anos na cidade grande ela se desatualizou. Na hora que volta, vai ter que pesquisar o mercado pra saber o que plantar, se vai lhe dar renda. Não é qualquer coisa que plantar hoje, vai conseguir colher e ter lucro. Tem que pesquisar muito bem o mercado antes de entrar em qualquer outra área”, diz.
Para concluir, Juninho fala o que motiva a continuar na agricultura, “a satisfação em trabalhar no sítio. Saber que é um negócio de futuro, muito bom pra mim e toda minha família. É bom trabalhar aqui, é prazeiroso, satisfatório, gosto muito pois, fui criado aqui. A cidade grande não era o meu forte. O que eu queria era ficar mesmo no sítio”, salientou.