Dia da Árvore existe para marcar o papel imprescindível que esse ser vivo tem para a vida dos humanos. Tem influência vital para nossa existência, ajudam a compor parte da água que bebemos, nos alimenta com seus frutos, conservam a quantidade ideal de oxigênio no ar e além da água fresca nos dão sombra, abrigo e morada para diversos animais e insetos. Para mostrar sua exuberância nos presenteiam com flores e, algumas especieis ainda vivas, com seu gigantismo, como é o caso dos três exemplares de árvores citados aqui:
Rio de Janeiro – Sumaúma (Ceiba petandra)
É considerada árvore símbolo e mãe de todas as outras árvores da várzea. Podendo atingir até 50 m de altura e 2 m de diâmetro, apresenta amplas sapopemas basais ao redor. A Sumaúma da foto está localizada no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Como árvore gigante, faz parte do roteiro das maiores árvores do parque, todas acima de 25 metros. Próximo a ela, tem uma singela placa, “maestro soberano”, homenagem do Ibama ao músico Tom Jobim, que não deixa de ser uma saudação a própria Sumaúma. As árvores gigantes desempenham um papel importante nas florestas. Várias espécies de plantas e animais sobrevivem sobre seus imensos galhos, em decorrência do microclima específico que envolve umidade e luminosidade. Elas também servem como abrigos e suporte para ninhos.
Minas Gerais – Tamboril (Enterolobium contortisiliquum)
Árvore Tamboril é icônica no Inhotim, considerado o maior museu a céu aberto do mundo, localizado em Brumadinho (MG). O Tamboril também conhecido como “orelha-de-macaco” fica na área central do parque e tem entre 80 e 100 anos. Já é uma árvore madura, com cerca de 20 metros de altura e uma copa ampla e frondosa, que dá uma ótima sombra no verão para quem precisa de uma pausa na caminhada. Sua madeira, de corte macio, é usada na fabricação de barcos e canoas.
Árvore caducifólia, podendo atingir até 40 m de altura e 3 m de diâmetro, na região Centro-Sul. Seu tronco é pouco tortuoso, curto e grosso com uma copa ampla, em forma de guarda-chuva, com até 25 m de diâmetro, quando a árvore está isolada, como acontece no caso do Inhotim. Floração em Minas Gerais de outubro a dezembro e os frutos amadurecem de maio a julho.
Rio Grande do Sul – Pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia)
Seguindo pelos roteiros históricos na Serra Gaucha, na cidade de Nova Petrópolis (RS), encontra-se na comunidade de Linha Imperial, um atrativo natural, o “Pinheiro Multissecular” (Araucaria angustifolia). Segundo as informações tem idade estimada de mil anos, possui 45 metros de altura e sua espessura é equivalente ao círculo formado por sete adultos de mãos dadas.
Em suas características, é uma árvore contrastante com as demais árvores do Sul do Brasil, geralmente, com 10 a 35 m de altura e 1,20 m de diâmetro, atingindo excepcionalmente 50 m de altura e 2,50 m de diâmetro ou mais, na idade adulta. Seu tronco é reto e quase cilíndrico. Tem floração de agosto a janeiro, e a frutificação das pinhas amadurecem de fevereiro a dezembro. As sementes (pinhões) são encontradas no Brasil, de março a setembro, no Rio Grande do Sul, de abril a agosto. Quando plantado, árvores isoladas iniciam a produção de sementes entre 10 e 15 anos.
Para ver essa Araucária de perto, precisamos seguir à pé uma pequena trilha em aclive. Encontramos uma placa com a seguinte descrição: “Este bravo Pinheiro recebeu os imigrantes de braços abertos e permanecerá no futuro abençoando seus descendentes (Prefeitura de Nova Petrópolis, 1998)”. Cerca de 50 metros à frente, nos deparamos com o “pinheiro grosso”, como dizem os moradores locais. Diante do gigante, o primeiro pensamento é parabenizar por tê-lo preservado, só assim podemos contemplar.
Uma árvore imponente, colunar, de envergar o pescoço para tentar enxergar o topo. Abrir os braços em vão, mesmo assim deve-se abraça-lo. Mais uma placa, essa colocada em uma pedra ao lado do “Pinheiro Multissecular”, revela que em 27 de setembro de 1982, foi inaugurando oficialmente o espaço para visitação e prometendo proteção à árvore. Podemos ler: “Como sentinela, por mais de 500 anos, nos contemplas, por séculos, simbolizas nosso Sul, em louvor ao pai, estendesse teus ramos aos céus. Em ato de perdão aos homens, ofereces os frutos teus. Agora ó araucária, aqui estamos, diante da mãe terra, na festa anual das árvores de 1982, para agradecer-te e jurar: honraremos nossa espécie, defendendo a tua. Protegendo o nosso chão. Como autêntico símbolo da ecologia no Sul, o prefeito de Nova Petrópolis, Ewaldo Michaelsen, declarou-te, nesta data, imune ao corte. Fica perpetuada a gratidão da nossa geração, aos proprietários destas áreas, pois passará o tempo e tu, árvore símbolo, permanecerás como testemunho do nosso esforço na conservação dos recursos naturais, protegendo o nosso chão. (Prefeitura Municipal de Nova Petrópolis, 1982)”.
Manter esses seres vivos em pé, não é só preservar um exemplar da natureza como também é preservar as histórias e memórias, as relações entre os grupos humanos e a paisagem onde o “Pinheiro Multissecular” se insere, a Sumaúma e o Tamboril.
Essa atitude é fundamental para compreender a relação entre ações humanas e o ambiente, uma vez que essas árvores são agente em cada história vivida.