GEPURA – Grupo de Estudos e Práticas para Uso Racional da Água. ESALQ/USP – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” CENA/USP – Centro de Energia Nuclear na Agricultura gepura@gmail.com
O Sistema Cantareira é o grande responsável pelo abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). Possui uma vazão de aproximadamente 33m³/s, abastecendo cerca de 46% da RMSP o equivalente a 9 milhões de pessoas. O Sistema é formado por cinco represas, quatro delas (Jaguari, Jacareí, Cachoeira, Atibainha) são pertencentes à Bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) e uma represa (Paiva Castro) é da Bacia do Alto Tietê.
Referente a vazão do Sistema Cantareira que é por volta de 33m³/s à Bacia do Piracicaba é responsável por 31m³/s. Durante os anos de 2014 e 2015 o Sistema Cantareira teve um déficit na vazão, registrando valores bem abaixo da média histórica. Essa crise hídrica é por conta de uma estiagem que ocorreu justamente no período que, até então, possuía um alto volume pluviométrico— as chuvas de verão, importantes para garantir recarga dos mananciais — para os meses mais secos do ano e que recuperava o Sistema Cantareira,
Para abastecer a população neste momento foi autorizado o bombeamento da Bacia do PCJ que já se encontrava zerada mas, se utilizou das cotas de reserva técnica (volume morto) que inicialmente não foi projetado para o uso. Depois de meses utilizando o volume morto das represas do PCJ essas voltaram a trabalhar no volume operacional. A situação vinha melhorando e o Sistema Equivalente ultrapassava cerca de 60% de seu volume operacional e estava contribuindo com até 33m³/s novamente.
Infelizmente, é previsto uma nova crise hídrica devido a estiagem de chuvas em períodos em que era comum abastecer o sistema, situação semelhante à pré-crise em 2013. Todavia a situação se encontra pior, o Sistema Cantareira terminou o mês de Fevereiro de 2021 com 8,7 pontos percentuais menor que Fevereiro de 2013. Saímos de uma situação favorável para uma desfavorável rapidamente, onde em 2013 foi registrado 62,8% do armazenamento, 2020 a capacidade que operava o sistema era de aproximadamente 74,7% e atualmente 2021 o volume dos reservatórios é de 57,1%, ou seja, um volume inferior ao de 2013 que acarretou a crise em 2014.
Volume de armazenamento referente aos mesmos dias comparando o abastecimento do sistema:
2020: 1.488,39 hm³; 2013: 1.237,96 hm³; 2021: 1.158,04 hm³.
Os representantes da Sabesp informaram que não há risco de desabastecimento no momento, no entanto, isto não significa que o risco é zero. Os riscos são observados pela Gestão do Sistema Cantareira fazendo simulações e se observa uma melhor resistência. Isso ocorre pois, desde a crise foi investido em obras, destacando a interligação entre o Atibainha e o Jaguari, além de entrar em operação o Reservatório São Lourenço.
Caso ocorra uma nova crise hídrica será em 2022, então, ações preventivas devem ser tomadas. O abastecimento noturno é reduzido pela Sabesp para evitar desperdícios, ações administrativas vêm sendo tomadas mas, a população não pode desperdiçar ou consumir em excesso.
Estamos em um cenário de mudança climática e as chuvas estão sendo cada vez mais escassas, a presença de vegetação é essencial para infiltração da água das chuvas nos mananciais, abastecendo os rios, além de contribuir para a regularização climática. Diga não ao desmatamento, diga não ao desperdício.