Dia 28 de julho é comemorado o dia do Agricultor, esse ano será sem muitas confraternizações, devido a epidemia do novo coronavírus, a comemoração se dará de forma mais restrita em algumas cidades como Artur Nogueira, que realiza uma missa virtualmente e depois no sistema drive-thru fez a benção de carros e máquinas agrícolas. Em Limeira iria acontecer, pelo terceiro ano consecutivo, a Festa dos Agricultores, que se reuniram após as manifestações referente a greve dos caminhoneiros em maio de 2018.
Para marcar a data o Jornal Pires Rural fez a seguinte pergunta aos agricultores de Limeira: Em sua opinião o município de Limeira tem reconhecido a agricultura familiar e o produtor rural?
Veja o que responderam:
Cássio Henrique Russi, 18 anos, produtor de grãos, como soja e sorgo, obtendo uma safra de 6 mil sacas por ano, é morador no Bairro Santa Helena:
“Na minha opinião o município de Limeira reconhece o produtor rural familiar, pois, a Prefeitura disponibiliza espaços públicos e isso incentiva os Agricultores. Lá os agricultores podem estar vendendo seus produtos orgânicos, e com isso muitos jovens acabam ficando no sítio e, também dando sequência no legado de seus pais”, ressaltou o jovem.
Maurício Beckmann, 51 anos, trabalha no sitio São Cristóvão, no bairro dos Pires de cima, produzindo hortaliças e milho em grãos, obteve 50 toneladas de milho na última safra e anualmente produz 100.000 quilos de hortaliças;
“Sim, Limeira tem reconhecido, porque tem várias feiras livres de agricultores, em que possam vender seus alimentos e também as estradas rurais estão em boas condições. Acho que tem que ser continuo esse apoio, porque nosso município está se dividindo em pequenas propriedades rurais, com o greening (HLB — doença que afeta plantas cítricas), acabando com os pomares de laranja. Os produtores vão ter que diversificar as culturas e ter espaço de vendas e sem incentivo e apoio não tem crescimento” .
Luiz Eduardo Boscheiro, 36 anos, produtor rural e empresário. Trabalho no sítio Morro Alto, no bairro Morro Alto, em Limeira. Produz diversas variedades de laranja, em torno de 50 mil caixas, além de suco in natura, “que é o carro chefe”, tendo um volume de 800 mil litros anualmente com previsão de dobrar na próxima safra.
Dú Boscheiro como é conhecido, relatou que a comemoração ao Dia do Agricultor começou novamente a partir da paralisação dos caminhoneiros, “nós produtores nos unimos a eles e dali começou uma amizade. Formamos um grupo de ZAP (WhatsApp) e aonde se formatou a ideia de unirmos e comemorarmos o dia do agricultor”.
“Limeira foi o berço da agricultura familiar. Daqui se formou muitas famílias de sucesso na agricultura. E, até hoje, tem muito mercado pro pequeno produtor. Os pontos positivos são a localização perto dos grandes centros comerciais. Pois, eu que viajo muito por aí, vejo cidades do interior que faltam pontos de vendas para o produtor expor seus produtos ao consumidor final. Na minha visão a Prefeitura deveria facilitar mais locais de vendas a produtores familiar, como por exemplo, mais feiras livres e a compra de hortifrutigranjeiro da cidade para a merenda escolar. Isso sim, é muito importante também para atrair os jovens a ficarem no ramo da família, trazendo mais renda as famílias locais. Poderia fazer estudos de planejamento para que avenidas e rodovias tivessem espaço para pontos de hortifrutis, vejo muita procura por esse tipo de produto, direto do produtor para o consumidor.
Sobre as estradas e pontes, digo que melhorou bem, mas, tem que ter mais investimentos nessa área, como por exemplo, a estrada rural que liga Limeira a Americana que já teve vários estudos para ser asfaltada. As pontes de madeiras nas estradas rurais também preocupam bastante, pois vimos aí, esses dias, um produtor rural nosso amigo com um prejuízo enorme e também, um caminhão carregado de concreto, que caíram dessas pontes. Poxa vida, que prejuízo, não!?”, destacou Dú Boscheiro.
Junior Ribeiro de Mello, de Limeira, 38 anos, “sou agricultor com muito orgulho”. Tem a soja na safra como principal cultura e fonte de renda, também atua na citricultura com pomares em outros municípios — Santo Antônio da Alegria e Mogi Guaçu — entrou com sorgo na safrinha após a soja. Ainda mantém uma pequena área com limão taithi e também está investindo no avocado, começou com 2,5 ha, pretendo dobrar a área até o começo do próximo ano.
“A agricultura na minha família já vem de algumas gerações. Na minha opinião, vejo que pouco tem se trabalhado com os produtores rurais. Uma forma mais aparente é a feira do produtor que acontece no Limeirão e na Hípica, mas está relacionado com a agricultura familiar e, nem todos do município ainda tem esse acesso. O que falta é os órgãos públicos trabalharem mais em prol do agricultores. O reconhecimento na minha opinião seria mais a Prefeitura visitar os produtores e ver a suas necessidades e o que o município poderia estar fazendo. Como por exemplo, pontes e estradas rurais conservadas e apoio logístico. Sei que a verba está difícil, muitos já reconhecem nossa importância, mas falta ainda, eles entenderem que comida não brota nas gôndolas dos mercados. E preciso ter o apoio total da população. Apoio por enquanto, vejo agora da parte federal, porque, felizmente temos um governo federal que valoriza os produtores. Que isso tome conta, pelo povo, da nossa importância. A vida no campo não é fácil, somos uma empresa a céu aberto. Sei que falta muito coisa ainda. Proteção financeira, alguns meios de recursos para assegurar a produção, transparências nas vendas a indústrias. Coisas que são trabalhosas, mas creio que vão chegar”.
Donizetti Domingues Oliveira, do bairro Santa Helena, foi citricultor por muitos anos mas, trocou a cultura de citros por mandioca. Hoje, oferece o produto in natura e embalado a vácuo para supermercados, restaurantes, cozinhas industriais e para o CEASA. Esse ano sua produção ficará em 200.000 quilos de mandiocas descascadas.
Ele abordou os seguinte pontos: “na minha opinião, em nosso município, não temos apoio nenhum como agricultor, do nosso prefeito e de nossos comandantes. Infelizmente, nossa cidade, Limeira, é uma cidade que não motiva os produtores rurais a nada. Vemos outros municípios pequenos de nossa região, mantendo agrônomo em contato permanente com os produtores, em Limeira, infelizmente, a gente não vê nada disso. É uma coisa que nos entristece pois, estamos em um município grande comparados com outros como Conchal, Araras e não vemos nada de ajuda. Principalmente a agricultura familiar, o prefeito não ajuda em nada, não faz um projeto. Também nenhum vereador se interessa, não tem um secretário de agricultura, nada em que venha ajudar os produtores, infelizmente. Teria que mudar muito a mentalidade de nossos políticos.
Em minha opinião, deveria ter um secretário de agricultura, que fosse da agricultura, que entendesse. Vejo que veio muita verba esse ano, para a merenda escolar e os pequenos agricultores poderiam oferecer esses alimentos a prefeitura. Temos condições de fornecer muitos alimentos para a prefeitura como frutas, legumes, feijão e muitas outras mas, eles não querem essa parceria com a gente, porque é mais fácil desviar verba comprando de fora, do que trabalhar com o povo da região. É sabido que hoje, em muitos setores há desvios de dinheiro. Se eles comprarem da gente não vão poder faturar alto essas coisas, porque é um preço baixo pois, sai direto do agricultor, o gasto será menor. Eles preferem comprar de fora e vir superfaturado, assim, eles vão levar vantagem.
Pra melhorar isso é difícil, teria que ter muitas reuniões, muita paciência, os agricultores tem que se organizarem em um grupo muito grande não só na parte de hortifruti mas em todos os tipo. Teria que ser uma organização dos agricultores pra poder dar certo, caso contrario não consegue. Teria que ter um centro de abastecimento, para todos os produtores entregar num lugar só. Mas numa cidade como a nossa, numa prefeitura que não faz nada para melhorar, fica difícil.
Deveríamos organizar numa associação de produtores, vejo que é a única maneira de pressionarmos para chegarmos a um entendimento pra conseguir vender nossos produtos. Seria bom pra todo município, todos produtores serem mais valorizados e conseguiria escoar sua safra e plantar com mais segurança”, pontuou Donizetti.
Silvio Benedito Delgado, 50 anos, citricultor e agricultor, seu local de trabalho é no sítio Santa Clara e sítio São Sebastião, entre os bairros dos Frades e Barbosão. Silvio cultiva frutas como laranja, pitaya e manga além de mandioca e milho. O volume de produção de mandioca chega 100 tonelada/ano, enquanto pitaya e manga chegaram a 15 toneladas na última safra.
Na opinião dele, “o município de Limeira é o pior município da região. Ele não reconhece o produtor rural, não reconhece a agricultura familiar. É um prefeito pior que o outro, esse Botion, superou os outros que passou, ele é muito ruim, muito fraco. O cara é fraco demais. Ele só reconheceu chácara e condomínio porque quer gerar de ITR para IPTU só para arrecadar. De todos os vereadores que entraram, nenhum apareceu aqui na área rural, nenhum! E outra coisa, na área rural de Limeira, as pontes continuam sendo de madeira, isso é um absurdo. Município de Brotas e Torrinha, onde a estrada é municipal, as pontes são todas de alvenaria há muitos anos, coisa de 20 anos. A não ser estrada de servidão, aí tudo bem é de madeira. As nossas aqui em Limeira é tudo de madeira.
Nenhum prefeito reconhece nada. É tudo “roubaiada”, tudo malandro, esses vereadores todos sem vergonha.
Esse Mario Botion foi uma decepção muito grande. Todo mundo tava acreditando nele e ele não reconheceu nada. E os outros que passaram também, nenhum reconhecia a agricultura familiar. Eu nunca vi um da prefeitura vir aqui e dar um incentivo para o produtor plantar alguma coisa. Eu nunca vi um incentivo! Infelizmente, nosso município é o pior da região, essa é minha opinião!
Daqui uns dias começa aparecer político por aqui, mas se esse prefeito vier pedir voto pra mim ele vai passar vergonha. Ele nunca fez nada, nem pra mim e nem pro bairro.
A única coisa que eu peço é segurança para o bairro. Sabe o que eles estão fazendo? A viatura rural fica tudo ali na pracinha das Nações na Boa Vista e andando pelo centro da cidade. Quando você vai conversar com o secretário de segurança um joga pra outro. É tudo jogada política.
Eles não apoiam a agricultura, nunca apoiaram e nós ficamos aqui cada um pra si e Deus pra todos”, relatou Silvio.