O conto “As Cores das Flores” está na programação do mês de novembro do projeto “Mundo Solidário – distantes, mas unidos!” da Secretaria de Cultura de Limeira. A autora é Gerrie Schrik moradora do bairro dos Pires, ela nos concedeu uma entrevista onde relatou a inspiração e o conteúdo da obra literária. A exibição acontecerá no dia 12, às 11h, pelo Facebook da escola Alfredo Christiano Stahlberg, com acesso pelo link https://www.facebook.com/Emeief-Rural-Alfredo-Christiano-Stahlberg-108078734319239/; e https://pt-br.facebook.com/gerrie.schrik, é realizada, junto com a autora, pelas escolas rurais Emeief Alfredo Cristiano Stahlberg, localizada nos Frades, e Emeief Martim Lutero, no bairro dos Pires
Gerrie nos recebeu em meio as acanhadas gotas de chuvas de novembro, seus gatos e seu esplendoroso jardim tropical, ela é conhecida como “Gringa” por sua naturalidade ser holandesa ou a “professora das abelhas” pelos projetos de educação ambiental executado nas escolas rurais.
Sobre seu novo projeto literário ligado a natureza, e a participação no projeto da Secretaria de Cultura de Limeira, ela nos revelou que está escrevendo uma coletânea de contos há algum tempo e que se transformou em um livro chamado “Mato e Mata” onde são abordados vários problemas ambientais pelo protagonismo das plantas, com uma linguagem para o público infantojuvenil. “Quando estava pronto procurei um amigo, o Lucas Silva que é de Cosmópolis, para fazer as ilustrações. Ele fez aquarelas lindíssimas. Tínhamos a ideia de publicar o livro mas, ainda não aconteceu. Aí apareceu a proposta do “Mundo Solidário”, aqui em Limeira, e junto com o Lucas, decidimos participar, aí vibramos porque fomos escolhidos. Mas estávamos fritos porque as ilustrações eram apenas desenhos, não tínhamos os vídeos, enquanto a proposta do “Mundo Solidário” é justamente os vídeos. Então, por sorte o Lucas entende e fomos transformando em vídeo, ele lá em Cosmópolis e eu aqui nos Pires, fomos decidindo os sons, eu queria apenas barulhos de insetos ele queria música, aí fomos negociando e saiu o vídeo, ficou lindíssimo. Gostei muito, mesmo”, disse.
O vídeo
Gerrie explica que “é um vídeo curto, tem menos de 4 minutos, mas é caprichado. Trata do tema das queimadas e regeneração. A prefeitura ficou com a responsabilidade de colocar o vídeo no ar, com a disponibilização em nossos canais. O Lucas é bem detalhistas nas cores, tem um olhar aguçado, realmente ele conseguiu umas coisas que eu gostei muito. Eu escrevi o conto, o Lucas fez os desenhos, depois ele teve bastante trabalho para fazer o vídeo, além do mais eu convidei uma outra pessoa para fazer a voz. Eu até sei contar uma história mas, acho que o meu sotaque atrapalha”, ela disse.
De acordo com os critérios do projeto “Mundo Solidário – distantes, mas unidos!”, o vídeo iria ser exibido apenas no perfil pessoal do Facebook da Gerrie e do Lucas, o que motivou Gerrie a procurar as escolas do bairro dos Pires e Frades para incluí-las na exibição; “por eu ter tocado vários projetos com as escolas aqui dos Pires e Frades perguntei sobre uma colaboração, se seria interessante incluir as escolas na exibição do vídeo. Primeiro entrei em contato com a escola Emeief Alfredo Cristiano Stahlberg, nos Frades, tenho um contato super bom, conheço todos os alunos, vejo-os no ônibus eles me abraçam. Aí ofereci esse presente para exibir na plataforma do Facebook dessa escola, eles aceitaram e na conversa achamos que podia oferecer na Emeief Martim Lutero, dos Pires, onde já tinha trabalhado, faz mais tempo, mas enfim, é tudo área rural, é tudo aqui, é legal de valorizar esses laços.
Então, a inclusão das escolas foi uma opção minha para conseguir uma plataforma, conseguir um público e para criar um vínculo com os outros projetos que fiz nas escolas. O conto “As Cores das Flores” será impresso e vai ser incluído no kit pedagógico para trabalhar com os alunos e eu fiquei a disposição para alguma atividade que as professoras quiserem executar. Então, a escolha de incluir as escolas foi porque eu acho importante manter esse laço, acho importante levar esse bairro para frente, em fazer as coisas juntos no cuidado, deixando-o mais bonito”, destacou a autora.
As histórias
Sobre seus contos Gerrie disse “o meu negócio é educação ambiental e uma das maneiras para chegar no coração das pessoas é contando histórias. Eu me lembrando das histórias de quando era pequenina, do conto alemão ‘crianças das flores’, ele retrata a passagem das estações do ano (primavera, verão, outono e inverno), é muito famoso na Alemanha, ouvi milhares de vezes. Dizia que havia um monte de gente dormindo debaixo da terra e a mãe terra estava cuidando enquanto todos estão no sono do inverno, vai chegando a primavera, aparecem as cores, as folhas novas, o verde, as atividades, um monte de vegetal para florir o mundo. Porque lá no inverno é tudo preto e madeira, não tem verde, não tem folhagem, é um mundo de poucas cores. Na história cada flor tinha um ente, em alemão chama-se ‘criança de flor’, que cuidavam daquelas flores. As flores do charco, dos pastos, então, dá um toque especial, uma vida próprias as plantas. Outra coisa que me chama atenção é que as crianças acabam conhecendo as plantas. Quem conhece aqui no Brasil são muito poucos. Os livros infantis que falam de educação ambiental, que eu lia para a minha filha e vejo muito nas escolas são livros traduzidos, vem lá da França, falam de plantas que não existem aqui, são histórias legais mas, não tem nada a ver com a realidade daqui. Então, com o tempo fui buscando, meio que peguei essa ideia de dar uma voz a planta, num dos contos que escrevi, a voz da história é de uma semente de um jequitibá, você só vai descobrir isso no final da história. Quero dar voz ao mundo verde que temos aqui, a nossa volta, em nosso quintal. Tem um segundo lado que é a questão indígena, eu gosto muito desse tipo de história, gosto de conto de fadas. Eu tenho um livro maravilhoso de um Ianomâmi e, mexe muito comigo as histórias de origem e eles tem uma visão como lhe dar com o meio ambiente que nós temos muito a aprender. Então, nos meus contos eu vou misturando essas coisas, enfim, vamos ver o que o pessoal vai falar”, disse.
Segundo ela “As Cores das Flores” é o primeiro conto do livro que está pronto mais ainda não foi lançado, “as histórias tem ligações no sentido de que todos os contos tem como seres atuantes as plantas. É um convite para o leitor acompanhar a visão de uma planta. O primeiro conto fala de queimadas, outro fala de espécies exóticas, outro de erosão. São abordados vários problemas ambientais pelo protagonismo das plantas, está sempre ligado ao mundo real”, revela.
Gerrie conta o enredo da história apresentada no projeto “Mundo Solidário”, “deu um grave fogo e ficou destruído tudo, aí tem os pioneiros que vai reconstruindo esse espaço e aí tem a dimensão mágica, tem as cores, como é que as flores tem suas cores, como elas chegaram até suas cores essa é a dimensão da estória, enquanto a base é a questão da regeneração. Quero despertar no público um carinho, um encanto, um cuidado para tudo que nos cerca, porque a gente só está pisando, destruindo, detonando. A maioria das pessoas que chega aqui no bairro fala: ‘olha que bonito, está tudo verde’. Eles não veem que está cheio de cipó porque está morrendo as coisas. Precisamos de uma sensibilização, um olhar, aí a gente vai cuidar de outro jeito, em vez de simplesmente cortar. Aquela ideia de graminha verde não é tropical é inglês! Fico triste, na minha volta há muitos vagalumes, eles precisam de mata fechada, não é tão difícil, se todo mundo fizer um pedacinho”.
Inquietação
A partir de uma severa seca do ano de 2014 Gerrie Schrik se empenhou nos estudos sobre mudanças climáticas e ecossistemas, se comprometeu a tentar modificar a sua volta. Com mais de mil horas de conhecimento adquirido em cursos online de nível superior, em faculdades na Inglaterra, África do Sul e Austrália tomou ciência das consequências das mudanças climáticas afetando nosso ambiente, teve a atitude de querem fazer, mas como poderia contribuir? Como fazer o recado da degradação ambiental chegar, não de um jeito paternalista ou chato, mas realmente produtivo, onde as pessoas pudessem participam com suas próprias ideias? Com esses questionamentos separou um dia da semana para compartilhar seus conhecimentos com alunos das escolas rurais no birro dos Pires e bairro dos Frades pois, segundo ele, “é isso que agente precisa, começar um diálogo. Fico feliz da vida, quando uma escola me abre a porta e as crianças gostam. Fica divertido e sai todo mundo ganhando. Nesse sentido tenho muitos projetos na cabeça, mas o obstaculo é que custam um pouco de dinheiro e nunca tem dinheiro nenhum e tenho custeado tudo, este é um lado e outro lado é tempo, eu preciso ganhar o meu pão mas, a regra básica aqui em casa é um dia por semana no mínimo pra tentar fazer alguma mudança. Também estou buscando um público que vai além da sala de aula”, concluiu Gerrie se desafiando para a batalha da conscientização ambiental.
Mundo Solidário
A Prefeitura de Limeira, por meio da Secretaria de Cultura, com o apoio da Secretaria de Comunicação Social, abriu inscrições para o projeto “Mundo Solidário – distantes, mas unidos!” que garante espaço aos artistas das áreas de música, canto lírico, dança, artes cênicas, artes visuais e literatura, neste período de enfrentamento à Covid-19. O projeto está reunindo apresentações virtuais destas linguagens artísticas desde o mês de junho, conforme orientações técnicas adotadas durante a pandemia.
Os artistas interessados em apresentar seus projetos fizeram sua inscrição até 15 de maio e os projetos selecionados foram divulgados até o dia 29 de maio. Todos os limeirenses selecionados contarão com ajuda de custo, sendo: Música — até 12 selecionados, R$ 250 (cantores solos), R$ 500 (duplas) e R$ 750 (trios ou mais); Dança — até cinco selecionados, R$ 250 (apresentações individuais) e R$ 500 (dois integrantes ou mais); Artes Cênicas — até seis selecionados, R$ 250 (apresentações individuais) e R$ 500 (dois integrantes ou mais); Literatura — até quatro selecionados, R$ 500 para cada projeto selecionado, que pode ser workshop voltado à área ou contação de histórias; Artes Visuais — até dois selecionados, R$500 para cada projeto selecionado, que pode ser workshop ou exposição virtual; Canto Lírico — até seis selecionados, R$ 250 (solos); R$ 500 (duplas) e R$ 750 (trios ou mais).