Jornal Pires Rural – Edição 228 | ENGENHEIRO COELHO, Maio de 2019 | Ano XIII
Luiz Oda Honma, engenheiro agrônomo responsável pela Estação experimental da Agro Cosmo, em Engenheiro Coelho, SP, explica detalhadamente sobre a utilização dos equipamentos de proteção individual (e.p.i.) na hora de preparar e aplicar os agrotóxicos. Tema volta a ganhar relevância devido a legislação do sistema de rastreamento da produção de hortifrúti, formado por citros, maçã, uva, batata, alface, repolho, tomate e pepino. Partindo da premissa que rastreabilidade é identificar origem e destino do produto, englobando por toda cadeia produtiva, passa a ser obrigatório ao produtor rural guardar toda a documentação referente a aquisição de insumos, seja fertilizante ou defensivos agrícolas, além da cópia do recibo da devolução das embalagem dos insumos que foram comprados para utilização em sua lavoura. Quanto ao manejo da quantidade de adubação e o tratamento fitossanitário é necessário manter sob guarda o nome do produto, principio ativo, dosagem e carência, onde fica obrigado a guardar a nota de compra dos produtos químicos por 18 meses. Tudo isso para comprovar, em uma eventual fiscalização, que não foi utilizados defensivos não registrados para, primeiramente, as culturas citadas acima. Sendo momento oportuno para relembrar, ou conhecer, a maneira correta de usar os e.p.i.
Basicamente, no momento da aplicação é obrigatório o uso dos equipamentos de proteção individual como avental, jaleco e calça impermeável, botas, par de luvas, máscara, viseira e a touca árabe para proteger a parte da nuca e o pescoço. Se o líquido tiver algum contato com maior contaminação acontecerá na parte emborrachada da calça e na bota de borracha. O jaleco é de algodão com tratamento impermeabilizante – a névoa do produto que cair no jaleco fica retido no tecido. A touca árabe é para proteger as costas. A máscara para eventual inalação da névoa durante a aplicação.
Luiz Oda orienta; “Para o preparo da calda o avental fica na parte da frente, porque se tiver algum respingo do produto vai bater no avental. No momento da pulverização faz a troca do avental para as costas, se eventualmente tiver algum vazamento a parte das costas ficará protegida, assim a calda não vai atingir o corpo do operador. Para quem faz a operação com o trator normalmente não tem necessidade de ter a proteção das pernas. Mantém-se a necessidade de proteção nas costas e a touca árabe por causa de uma possível mudança de vento”, destacou.
Segundo Luiz Oda, “antigamente, o pessoal utilizava 500 litros de calda com o pulverizador no trator, hoje, o volume de calda é bastante baixo, cerca de 50 a 60 litros de calda por hectare. Então, a economia de água é muito grande. A capacidade de operação desses pulverizadores aumentou bastante”.
Já é sabido que o período ideal para fazer a aplicação é quando a umidade relativa do ar não estiver muito baixa, “porque abaixo de 50% começa dificultar a aplicação. Evidentemente é difícil você ter esse controle que o agricultor tem ao fazer a pulverização mas, é preferível fazer com a umidade relativa mais alta”, relatou Luiz Oda.
No rótulo de um produto comercial consta os itens como marca do produto, fabricante, o número do Ministério da Agricultura referente ao número do registro do produto no país (é a principal informação). A composição química, que é o ingrediente ativo, a classe do produto se é um inseticida ou um herbicida, ainda tem quem é o titular do registro e o seu endereço e quem é o fabricante. Temos também o número do lote. Na parte de baixo do rótulo fica a parte das orientações para a aplicação, e a mensagens ‘não reutilize a embalagem’. “Depois que o agricultor acabou de utilizar todo o conteúdo, ele fará a tríplice lavagem, que seria colocar um fundo de água, agitar e retornar no tanque do pulverizador, repetindo por três vezes. Depois disso inutilizar a embalagem fazendo um furo para impedir a reutilização dela”, destaca.
“É obrigatório em toda propriedade com APP (área de preservação permanente), mantê-la com plantio de árvores sem ter a ocupação de gado e sem atividade agrícola nesse local, pois, é uma área para preservar a parte de rios, represas e lagos. Nas propriedades onde se tem lavouras, próximas a APP, manter as árvores em volta da represa é pra impedir, no período de chuvas mais fortes, eventual arraste de enxurrada com terra e produtos químicos nos rios, lagos e nascentes. Ela vai ficar retida, primeiro, nas curvas de retenção e isso vai ajudar a manter a qualidade da água. O arraste maior é por causa da enxurrada, por isso se você faz uma boa conservação de solo, não terá arraste e, menos contaminação da água na propriedade. Por isso, orientamos a conservação do solo, com curvas de nível é justamente pra evitar a enxurrada dentro da lavoura”, explicou o agrônomo.
Luiz mostra outra prática de conservação do solo, o plantio direto sem removimento do solo. Ele avalia, “podemos observar que o mato está secando e a cultura já foi plantada e está germinando naturalmente. Essa parte da cobertura com o mato é que vai impedir a enxurrada de escorrer. A gota da chuva quando cai, é amortecida por esse colchão de palha”, demonstrou.
Ao retirar o e.p.i.
Os passos a seguir são também importantes no uso dos equipamentos, pois, ao desvestir a roupa usada na aplicação de agrotóxicos deve-se observar a seguinte ordem; “retira-se primeiro a máscara, depois a touca e o avental impermeável das costas, colocando as peças dentro da máquina ou tanque de lavar roupas. Na sequência retira-se o jaleco (fazendo toda a retirada do e.p.i. com as luvas), e as calças. As luvas são as últimas peças a serem retiradas e devem ser lavadas em água corrente com sabão (antes da retirada). As luvas são as primeiras a serem colocadas e as última a serem retiradas. Depois de lavadas e retiradas coloque-as para secar no varal”, afirmou.
Luiz Oda salienta que “esse tipo de e.p.i. possibilita a lavagem várias vezes (dependendo do fabricante). A roupa de aplicação deve ser lavada separadamente das roupas da família. A máscara é composta de um filtro (com o carvão que retêm a névoa da aplicação), é um pré filtro para reter a poeira mais grossa. Para lavar é só tirar a parte emborrachada e lavar normalmente”, ensinou.
Se eu lavar roupas contaminadas de agrotóxicos sejam eles quais forem na máquina de lavar,posso depois lavar as roupas da família inclusive de bebê na máquina normalmente?
Olá Elena, obrigado por sua mensagem. Segundo os técnicos as roupas contaminadas são as últimas a serem lavadas, nesse vídeo o engenheiro agrônomo LUIZ ODA HOMMA explica o processo na hora da lavagem: https://youtu.be/5wjCj1KR4U8?t=694
Complementando a informação sobre o procedimento de lavagem de roupas contaminadas pelo uso de agrotóxicos (EPI – Equipamento de Proteção Individual), o agrônomo LUIZ ODA HOMMA acrescenta: “a vestimenta (EPI) usada na aplicação, deve ser exclusiva para uso nas pulverizações. Na lavagem não deve ser colocado na máquina de lavar, porque é tratada com hidrorepelente e a máquina estraga, por mexer demais com as fibras do tecido. Primeiramente colocar num balde com água e esfregar levemente a vestimenta, para desprender a sujidade. Normalmente as vestimentas suportam cerca de 30 lavagem. Após a lavagem é só estender no varal para secar”, descreveu.