A antropologia é uma matéria preciosa aos indígenas, foi através da mobilização da Associação dos Antropólogos do Brasil (ABA), que discutiu a educação dos indígenas pois, começaram a perceber os indígenas, ver a vida dos indígenas, discutir a vida dos indígenas e a partir daí, tiveram uma outra concepção de olhar para os povos indígenas. Com isso perceberam que os indígenas tinham a própria educação que educa para a vida, ressaltando assim que as sociedades indígenas já possuem seu próprio sistema educacional, ao qual a educação escolar deveria se justapor, e não substituir.
O protagonismo indígena fez presente no IX ENEI na oficina de antropologia na grade da programação, trouxe o tema “Papera Kumã – o que é antropologia para o indígena?”, onde foram convidado dez antropólogos indígenas para relatar sobre a suas pesquisas na Universidade.
Por serem bilíngues, cada um dos participantes primeiramente saldou o público presente em sua língua materna, seguindo a participação na língua portuguesa. O termo “parente” era frequentemente usado pois, é um tratamento comum entre os estudantes indígenas.
Joelsi Sateré-Mawé: “sou do Amazonas, sou acadêmico mestrando em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas”.
Perpetua Suni: “sou do povo Kukama. Mestranda em Antropologia Social, pela UFAM (Universidade Federal do Amazonas). O meu projeto de pesquisa é “a música na visão de uma mulher Kukama”. Eu trago um pouco da ancestralidade do povo Kukama, abordando como a mulher vê a música que usamos, não só nos rituais e apresentações. Para nós essa música tem muita importância. Para mulher Kukama essa música é fundamental tanto no uso na casa, nos afazeres, em tudo que ela for fazer ela usa a música. Na hora de fazer a farinha de mandioca, nas plantações. É muito importante a música para a mulher Kukama”.
Socorro Baniwa: “Boa tarde a todos, é um prazer estar nesse encontro com vocês. Me chamo Socorro, sou do povo Baniwa, que é a mistura de dois povos do médio rio Negro e de Manaus, Amazonia. Sou formada em bacharel em Serviço Social e, hoje compondo o colegiado indígena na parte de antropologia. Estar aqui presente e falar de nossa temática no nono ENEI, que é ancestralidade e contemporaneidade, nesse momento tem a ver com nossa temática de pós-graduação que é a antropologia, que estuda a sociedade e como se decorreu na historicidade dos povos indígenas esse desenvolvimento da nossa cultura mas, nunca deixou nossa ancestralidade de fora. Estar aqui e pensarmos enquanto povos indígenas o que é antropologia para nós hoje? Vivenciando nessa contemporaneidade e pensarmos tudo isso para os nossos povos, como disse a parente Kariri, a educação é uma arma hoje que nós usamos contra aqueles da sociedade ocidental que não nos querem bem. Que não querem que nossos territórios desenvolvam, que não querem que nossos povos estejam inseridos dentro dessa sociedade, compondo essa sociedade. Tudo isso é para que possamos refletir enquanto estudantes, seja de antropologia ou qualquer área de atuação, obrigada”.
Luciane Tikuna: “Boa tarde a todos os parentes aqui presente. Sou a Luciane da etnia Tikuna, meu nome indígena é Betina, sou tupã lá do alto Solimões. É um enorme prazer estar aqui com todos vocês para falar sobre o que a gente pensa sobre antropologia indígena, que é falar de diversas formas da nossa cultura, da nossa vivência e de nossos povos. Eu trago a minha linha de pesquisa falando do povo Kukama, sobre a colonização que sofreram das línguas indígenas, onde ficaram na invisibilidade. Passaram pelo racismo há muito tempo, dentro de um contexto histórico e, não tiveram esse visibilidade como é hoje. Desde 1988, da Constituição, o povo Kukama vem se mobilizando. Então, eu trago nas minhas pesquisas, essa mobilização na língua indígena e na educação escolar e defendendo o povo Kukama. Hoje, é uma ferramenta importante o ensino da língua Kukama em algumas escolas e aldeias do povo Kukama. Inserir essas políticas de educação é uma educação diferenciada. Essa minha pesquisa vem desde minha graduação e estou dando continuidade como mestrando em antropologia”.
Flávio Pereira: Meu nome é Flávio Pereira, sou do povo Wanano, de São Gabriel da Cachoeira (AM), Rio Negro. Minha cidade faz fronteira com a Colômbia e a Venezuela. Estou no primeiro semestre da pós-graduação em antropologia social. A minha linha de pesquisa é em relação aos povos, aos parentes que moram na cidade, partindo da visão de um indígena, filho de um Wanano e uma Tariana, que nasceu na cidade de São Gabriel da Cachoeira, viu a cidade crescer, viu a cidade mudar embora, a presença indígena ainda é muito forte. Infelizmente o Poder Público não nos enxerga como indígenas, a minha preocupação é a partir do estudo dar visibilidade, dar poder de territorializar esse espaço urbano. É muito forte a presença na academia de parentes indígenas, como o parente Kaiowá falou, de nós voltarmos para a nossa cidade, de voltarmos para a nossa comunidade com a força ancestral sempre presente conosco, que nuca nos deixou. Não é porque eu nasci na cidade que eu deixei de ser indígena. Não é porque eu saí da comunidade e fui pra cidade, que eu deixei de ser indígena. Tem vários parentes que vieram de São Gabriel e vivem, convivem a sua questão ancestral, não esqueceram. Estão há dez anos, vinte anos em Manaus, na capital, estão vivenciando a questão cultural, a questão ancestral na cidade. Essa vai ser a minha luta, na tentativa de realmente dar poder territorial aos indígenas que moram na cidade”.
Silvio Bará: “Sou Silvio Bará, estou quase defendendo minha tese de doutorado. Quero agradecer a quem nós dá apoio; Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas – PPGAS/UFAM, Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (Neai), Colegiado Indígena e também nossos familiares. A minha linha de pesquisa é sobre alimento cotidiano, o peixe sobre beiju, só que na visão antropológica. Para nós indígenas, o peixe é saudável. Mas para o Pajé não, ele têm substâncias prejudiciais à saúde, ele tem que descontaminar. Essa é a antropologia. O que é o beiju? É um material feminino, quem faz beiju é a mulher mas, para poder trabalhar, cultivar a maniva tem todo aquele cuidado, a primeira coisa é a questão da menstruação (Na tradição indígena a menstruação é um momento de resguardo, é quando as mulheres descansam e deixam suas tarefas aos cuidados dos parceiros ou filhos mais velhos). Falamos hoje sobre o cuidado de nossos territórios, nossos limites precisam ter cuidados. Estou terminando a minha tese e o método que usei na abordagem metodológica, foi uma roda de conversas. Quando estamos sentados ao lado de nossos pais, ao lado de nossas mães, ao lado de nossos anciãos, a roda de conversa é uma produção de epistemologia. Eu nasci com a noção de saberes entre seres humanos, entre o povo da floresta, entre gente do mundo e o bem estar de todo universo. Essa é a minha conclusão que usei na abordagem metodológica, através da roda de conversa com os anciãos que são os meus pais. Trazendo para a área de antropologia, respondendo a nossa pergunta: o que é a antropologia para o indígena? É esta a antropologia, o dia a dia do indígena do Pará, do Tukano, do Dessano, do Wai-wai, do alimento. Não há alimento que não tenha sentido, para nós tem sentido sim. Tem que ter o cuidado desde quem prepara, de quem pesca, de quem caça. A floresta requer os seus cuidados e assim nós teremos a fartura em nossas mesas. Obrigado”.
Alexandre Wai-wai: “Sou Alexandre da etnia Wai-wai, sou de Roraima, faço parte do Colegiado Indígena da PPGAS/UFAM. Quero agradecer o apoio da UFAM por nos ter trazido até aqui. Eu sou graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), mestre e doutorando em antropologia pela UFAM. E a minha linha de identificação que estou tentando desenvolver junto ao povo Wai-wai é sobre a valorização do arco e flecha. Todo o conhecimentos que temos por nossos avós, nossos pais, nossos tios, eles ainda permanecem vivos e o meu objetivo de pesquisa é justamente fazer com que os jovens possam praticar. Muita das vezes na comunidade onde estou, essas artes não são mais praticadas pela nova geração, por ter o contato com os não indígenas e também muitas influências que são levadas para dentro da aldeia e, com isso eles acabam trocando conhecimento da utilização do arco e a flecha pelo celular, por exemplo. Então, a minha intenção é que através desse meu trabalho, possa ser aplicado nas escolas para que as novas gerações possam ter esse conhecimento, ter esse direito de conhecer essas ferramentas que eram utilizados pelos nossos avós e pais, para que eles possam usar também e passar para seus filhos”.
Mario Kambeba: “Boa tarde parente! Eu sou Mario Kambeba, sou mestrando em antropologia social. Começando com a pergunta; o que é antropologia para o indígena? Bom, eu poderia responder essa pergunta com uma frase do Daniel Munduruku; ‘eu consigo ser que nem você, sem deixar de ser eu’. Esse diálogo de dois mundos é fundamental para a população indígena enquanto luta, enquanto mobilização. A antropologia enquanto ciência está muito próxima das populações indígenas e é uma importante aliada na luta pelos nossos diretos. O povo Kambeba até meados dos anos 1970, era invisibilizado pela sociedade, era considerado como povo extinto mas nós existimos, nós estamos lá. Teve muita luta de lá para cá, conseguimos revitalizar e resgatar aqueles valores adormecidos como dança, língua, grafismo, todo processo cultural, hoje, conseguimos por meio da educação. Eu entrando no mestrado, uma de minhas preocupações são quais estratégias culturais o indígena, hoje, utiliza para sua representação identitária na luta pelos seus direitos?
Percebi aqui, enquanto povo, fazemos vários rituais, varias representações e, a minha preocupação é como a sociedade normalmente nos vê. Ela vê esses rituais, vê esse grafismo, os cocais, não como instrumentos de luta mas, como um instrumento estereotipado e isso fortalece aquela visão colonizadora. A minha preocupação é trazer a antropologia para fazer essa reflexão e mostrar que essa cultura, são formas que a gente encontra para dialogar com a sociedade. Temos a nossa ancestralidade como resistência mas, tem o índio hoje, o índio atual, o indígena hoje. A Universidade Federal do Amazonas eu agradeço muito, por construir esse espaço para tratar desses conhecimentos como um diálogo, porque assim também vamos colonizar a universidade. Vamos construir um espaço, porque se esperar que se construam um espaço para nós, esse espaço não é nosso. Esse espaço deve ser construído, não só pelos adereços físicos, mas também pelo conhecimento. Então, são essas as razões do porquê da antropologia. Espero contribuir com essa reflexão e de certa forma mostrar que estamos resistentes, somos resilientes e estamos atentos a todos ataques que nossa população indígena sofre. A antropologia é uma parceira do movimento indígena, mesmo sendo ciência”.
Jaime Desana: “Yama pihi kuu ha rarini, ha moyamirini, conhecimento napë thë pë kuu, kami yamakini uhiri yama a taaiwi, yamaki kutaeni, napë pë ha yama thë ã wëai, yama thë ã hirimai, yama thë taamai”. Escutaram? Ou entenderam? A linguagem indígena é isso, é um pouco complicada. Eu sou complicado por isso, minha linguagem é selvagem. Boa tarde a todos e a todas colegas indígenas, parentes indígenas, professores indígenas, não indígenas do grande matapi (armadilha de pesca). Nós indígenas do alto Rio Negro, alto Solimões, baixo Amazonas, rio Madeiras, do Solimões até Roraima, nós viemos da canoa até a universidade chamada Unicamp para trazer e para compartilhar o que é antropologia para o indígena da UFAM. Se nós indígenas não começar a discutir, anotar, participar, das conferências e seminários, nós estaremos sendo engolidos pelo matapi (armadilha de pesca). Quando fala da questão cultural indígena todo mundo levanta e vai embora, se eu começar a cantar forró, todo mundo vai vir pra dançar, porque pra eles a dança, os passos, os ritmos do sul , do forró, da brega, isso pra ele é cultura. Ele não diz que é o valor cultural que você está carregando, qual sua identidade que está identificando, qual metodologia de ensino e aprendizagem que você aprendeu na sua universidade, com seu professor. Esse professor deve estar de seu lado, que se chama seu avó, seu pai e a sua mãe. Por isso discutíamos no Colegiado Indígena e no Neai, três pessoas Tukano, Tuyuca e Desana, o que seria mitologia para os indígenas? O que seria ritual? O que seria benzimento para os indígenas? Esse tripé de conhecimento criamos na antropologia porque não é fácil dizer ‘ah! Estou aqui dentro da universidade porque eu tive oportunidade’. Essa oportunidade não existe, o que existe é você desafiar a ciência. Construir o seu conhecimento e se tornar conhecimento científico. Hoje, nós indígenas antropólogos começamos a discutir e publicar a nossa tese, nossa dissertação em língua indígena. Eu defendi em minha dissertação, criando a antropologia de imagem. Por que o branco cria antropologia cruzada, perspectivismo, estruturalismo? Por que nós indígenas não podemos construir pois, estamos na mesma canoa? Vamos remar do mesmo remo pra gente dizer que somos todos desconhecimento.
Tem alguns professores que não conseguem entender a linguagem indígena, alguns professores orientadores não conseguem compreender o que o indígena está trazendo para a universidade. Qual é a importância da presença indígena na universidade? Qual é a teoria de conhecimento que está criando? Isso nós resolvemos através dos colegiados indígenas, de vários povos para compartilhar a experiência e trazer esse reflexividade para o campus da universidade Unicamp. Muitas vezes esquecem a presença indígena dentro da academia, isso nos fez criar o colegiado indígena para discutir a política acadêmica dentro da universidade. O resultado que temos hoje, aqui estão presentes alguns exemplares. Quero agradecer as universidades através do PPGas, que nós trouxe pois, estávamos sem gasolina, sem motor e viemos remando pra chegar até vocês. Obrigado pelo espaço que nos cedeu para compartilhar com a equipe, mediadores e pensadores que criando conceitos antropológicos indígenas do estado do Amazonas”.
Rosijane Tukano: “Estou atualmente como vice-coordenadora do Colegiado Indígena do programa de pós-graduação pela Universidade Federal do Amazonas (PPGAS/UFAM) e pesquisadora do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (Neai). Sou graduada em língua portuguesa e mestranda em antropologia social. A minha linha de pesquisa é voltada a mulher. Nós mulheres, fomos por muito tempo colocadas em lugares que nós nunca estivemos, porque nós nunca fomos menores, nós sempre fomos maiores. Porque nós somos: mãe, filhas, pesquisadoras, benzedoras, pajés, geradoras. Nós somos a vida, a vida nesta terra. É através de nós, mulheres, que outros povos existem. Nós não somos apenas um povo, este povo que é resumido a muitas outras pessoas de forma colonial que disse que nós devemos estar atrás de um fogão, atrás de lugares que não é só nosso. Nós estamos atrás do fogão, atrás de muita coisa? Não! Nós estamos na frente. E pra trazer presente estas mulheres, uma mulher de suma importância na minha vida; a minha mãe. A minha mãe que me trouxe aqui. Aquela que não teve a oportunidade de ter os estudos que hoje a sociedade quer dar voz. A minha mãe, tem maior orgulho que estejamos aqui presente numa universidade, porque como muito dos parentes aqui disseram, eles não tiveram a oportunidade que nós estamos tendo hoje. Ela é conhecedora de muitos valores que o homem branco não conseguiria colocar um preço. Nós não somos resumidos a apenas um cocar, um arco e flecha. Hoje, eu digo, aqueles instrumentos que eram considerados apenas caça e pesca, nós estamos substituindo pela caneta e papel. É o que sempre digo, foi com caneta e papel que homem branco disse que descobriu, mas eles invadiram. Como diziam as colegas nossas “encontramos Pedro Álvares perdido”. Só porque eles tinham um pedacinho de papel e uma caneta eles disseram que tinham descoberto. Mas não. Nós somos esses conhecedores.
A minha linha de pesquisa trás a ligação das mulheres indígenas. Aqui, quem não tem uma mãe que é conhecedora de uma erva para curar uma febre? Levantem a mão quem a mãe de vocês não conhece uma erva para algo. Tenho a certeza que cada um de vocês tem uma mãe que conhece alguma erva medicinal. E, se não conhece, ela tem aquela nossa ‘parenta’ do povo Desano, Tukano, Baniwa, Kukama, Tikuna, Wai Wai, Wanano, Bará, Sateré-Mawé, Kambeba de vários povos que nossa região tem, que está sentada numa roda de conversa, como essa e, partilha esses conhecimentos. É pra trazer presente essas mulheres que trata a minha linha de pesquisa. Porque não estamos resumidos (ao arco e flecha), somo muito mais que isso. Então, eu trago aqui presente a valorização dos nossos ancestrais. Não somente com o tema, mas sim trazer as instituições, que nós possamos aqui, não ser engolidos pelo matapi (armadilha de pesca). Pela instituição (universidade) que traz uma estrutura colonizada, onde você tem que chegar na instituição e a instituição quer que você aprenda a língua portuguesa, geografia, história. E nós indígenas o que vamos contribuir? Nós temos muito, porque nós conhecemos a geografia, nós conhecemos a biologia, nós conhecemos a ciência, nós conhecemos arquitetura e engenharia. Alguém ensinou para o índio que fazer a canoa ia flutuar? Foi o homem branco que chegou e contou para ele? Não, muito antes do homem branco chegar ele já fazia. Alguém falou para o indígena que a maloca tinha que ser bem estruturada? Nós não estamos resumidos em uma disciplina, nós fazemos parte de muitas disciplinas. Nossos pais, nossos avós tem esse conhecimento. E, como disse o meu colega, a antropologia vem para que possamos refletir. O que é antropologia para o indígena? Na verdade, antropologia nós somos, então, eu quero ressaltar a todos os acadêmicos aqui na instituição, eu vi que tem vários povos, vários parentes meu que encontrei, não deixem que seja engolidos, tragam seus conhecimentos presente. Você faz engenharia? Então, traga o conhecimento de seu povo, você faz biologia, traga o conhecimento de seu povo, não estamos restritos apenas a uma disciplina, nós somos a disciplina, nós somos os povos. Quero agradecer a presença de cada um, quero agradecer a Unicamp pela nossa participação, agradecer a UFAM, que pôde nos apoiar nos trazendo aqui, financiando a gente para que pudéssemos trazer as nossas falas, para que nenhum de vocês sejam engolidos pelo matapi, dessa instituição colonizada, porque nós somos a resistência, não precisamos estar apenas na aldeia, nós estamos em vários lugares, porque nós resistimos e existimos, nós vamos continuar vivendo”.