No mês de agosto de 2020, conversamos com Edson Pinto Junior
, agricultor de Limeira, que havia decidido iniciar a cultura da soja e estava se preparando para o quarto ano de plantio da leguminosa, planejando aumentar dez vezes a área plantada desde o primeiro ano, equivalente a 30 hectares no ano de 2017. Entrevistamos Junior que estava em plena colheita da soja. Ele separou um tempo para nos atender e falar sobre os resultados preliminares da colheita, “está tenso o dia a dia, estamos na metade da colheita, o pega vai das 6h às 23h”, disse.
Jornal Pires Rural: Em agosto vocês tinham o objetivo de plantar 330 hectares de soja, foi alcançado ?
Edson Pinto Junior: Sim, até passamos um pouco foi para 350 hectares.
Jornal Pires Rural: Qual a sua previsão de colheita? Acredita que vai atingir ou superar?
Juninho: Bom, a média que eu esperava seria 80 sacas por hectare, não vai atingir, acredito que vai ficar em 70 sacas, devido ao plantio tardio, acredito.
Jornal Pires Rural: Como foi o desenvolvimento da lavoura?
Juninho: Foi bem. Demorou para começar, o plantio atrasou bastante esse ano, demos início em 12/11/20. No início faltou um pouco de chuva mas, depois ocorreu tudo bem. Bastante chuva. Tempo bom.
Jornal Pires Rural: O que me diz sobre as chuvas, foram boas para a produção, para o desenvolvimento do grão?
Juninho: Esse ano o tempo está bem ensolarado, para colheita está ótimo.
Jornal Pires Rural: Você utiliza defensivos químicos para dessecação das lavouras?
Juninho: Sim. Devido ao bom ano de chuvas e a variedade da soja, que fica com os talos verdes, estamos tendo que dessecar.
Jornal Pires Rural: Já chegou o momento das analises de peso de semente, rendimento entre as áreas plantadas, a influência do manejo diferenciado entre talhões?
Juninho: Ainda não, o que consegui ver, até o momento, foi que esse ano tive menos vagens por pé.
Jornal Pires Rural: O valor da saca de 60 quilos de soja tem valorizado nos últimos dez anos, essa valorização é baseada em quais fatores?
Juninho: A soja dobrou de preço de 2020 para 2021 devido ao baixo estoque mundial e a alta do dólar, que vem ajudando.
Jornal Pires Rural: Qual foi o planejamento para comercialização da sua safra, vender tudo antecipado ou reservar uma quantia para negociação futura?
Juninho: Eu fiz um barter (operação pela qual o pagamento do insumo é através da entrega do grão na pós-colheita) no meio do ano de 2020 a R$93,00 a saca, com metade da produção, mais ou menos. Isso foi para comprar semente, defensivos e fertilizantes. Outros 20% da safra terei que vender para pagar arrendamentos. O restante ainda não sei como vou negociar, eu queria segurar pois, acredito que o preço vai subir até dezembro, que é o prazo limite de armazenamento sem custas.
Jornal Pires Rural: Devido a forte comercialização antecipada da soja 2020/2021 pelos produtores, isso é um fator que deverá limitar as quedas de preço ou acredita que com avanço da colheita os preços tendem a cair?
Juninho: Acredito que não caia pois, a tendencia não é abaixar, já tem contratos futuros 21/22 sendo negociado a R$140,00 a saca. Apesar de já ter subido demais os preços dos insumos, o adubo, por exemplo, está R$ 4 mil a tonelada, a semente está R$13,00 o quilo, isso é o dobro do preço em comparação com o ano passado. O que foi bom para nós, foi que compramos barato os insumos ano passado e vamos vender mais caro a safra 2020/2021. Para quem não tinha contrato irá fazer um bom lucro porque a saca hoje, está por volta de R$160,00.
Jornal Pires Rural: O campeonato da CESB (Comitê Estratégico de Soja do Brasil) vai ficar para o ano que vem, o que lhe fez adiar dessa vez?
Juninho: Eu plantei a soja no dia 17/11/20, aí no dia seguinte caiu uma tromba d’água em cima do plantio. Isso fez que as plantas demorassem a nascer perdendo vigor e, ficou com um estande de plantas abaixo do esperado. Faltando uns dias para colheita fizemos contagens de pés por metro e vagens, peso de mil grãos, com isso vimos que não atingiríamos o mínimo que necessita para chamar o CESB.
Jornal Pires Rural: Com a esperança de boa produção, sem muitos problemas no manejo, a tendencia é continuar produzindo soja?
Juninho: Sim, vamos continuar com a graça de Deus e bons profissionais na área da agronomia.