Nesses 15 anos de Jornal Pires Rural, procuramos retratar a organização da comunidade do Bairro dos Pires. Uma reportagem publicada na edição número 11, fevereiro de 2006, entrevistamos Danilo Francisco Fischer presidente da Associação de Amigos do Bairro dos Pires (A.A.B.P.) nas gestões 2001-2002 e 2003-2004. Na oportunidade ele descreveu o porquê da existência da A.A.B.P., o aumento das chácaras de lazer e suas consequências ao bairro rural e na opinião de Danilo, a contrapartida que os moradores deveriam ter para com o Bairro. 

Para atualizarmos o assunto, devido ao caráter de distanciamento social exigido pela pandemia do novo coronavírus enviamos via WhatsApp no dia 31 de julho de 2020 novas perguntas a Danilo Francisco Fischer, atual presidente da Associação de Amigos do Bairro dos Pires (A.A.B.P.). Danilo retornou as respostas no dia 15 de agosto, nos escrevendo que: “tivemos uma reunião da diretoria e aproveitei e expus as questões as quais vocês me enviaram. Respondemos em conjunto, dando assim maior credibilidade. A Associação não autoriza a reprodução parcial de suas respostas, devendo ser publicado na íntegra as perguntas e suas respectivas respostas”

A entrevista está publicada a seguir. 

Contudo, resgatamos uma entrevista publicada no ano de 2006 sobre o Bairro dos Pires:

Jornal Pires Rural - capa edição 11, fevereiro de 2006
Jornal Pires Rural – capa edição 11, fevereiro de 2006

A poluição do Ribeirão dos Pires e a Festa Alemã em 2006

Dia 30 de janeiro de 2006 aconteceu à Assembléia da Associação de Amigos do Bairro dos Pires e aproveitando essa oportunidade, conversamos com Danilo Francisco Fischer, presidente eleito nas gestões 2001-2002 e 2003-2004. Procuramos entender o motivo da criação dessa Associação, os benefícios trazidos ao Bairro e como é organizada hoje em dia. Também participou desta conversa, o Sr. Osvaldo Dibbern ex-presidente da Associação na gestão 1997-2000. Leia a seguir a entrevista na íntegra.

Jornal Pires: Presidente Danilo, quando surgiu e o que motivou à criação da Associação?

Danilo Fischer: Janeiro de 1982. Foi a primeira associação organizada de moradores a surgir em Limeira. O que motivou, o princípio de tudo foi por causa da poluição que havia no Ribeirão dos Pires. Foi para combater a poluição do rio, os dejetos lançados pelas fábricas, e a poluição que vem lá da redondeza do Limeira Shopping, onde está localizada a nascente do Ribeirão. Como os agricultores usavam a água do rio para irrigação se sentiram no direito de recorrer através da Associação com processos contra os órgãos públicos e as autoridades para tomarem providências. A Associação se tornou forte no começo, tendo reuniões uma vez por mês. Mas tudo isso passou como uma tempestade e hoje está tudo calmo. Seu primeiro presidente foi o Sr. Walter Pommer.

Jornal Pires: Como é formada essa Associação?

Danilo Fischer: São 11 membros da diretoria e mais 3 conselheiros e outros integrantes de comissões totalizando 22 membros.

Jornal Pires: Como está a participação destes membros hoje em dia?

Danilo Fischer: Olha, não temos mais apoio. Em 2001 teve uma razoável participação dos membros depois começou a cair. Percebo que as pessoas não querem mais pegar responsabilidades, os membros da diretoria são todos homens e alguns já de idade bem avançada. Na última Assembléia, realizado dia 30 de janeiro veio pouquíssimas pessoas. Apareceu sim, a crítica, como sempre. Disseram-me que o edital da Assembléia estava errado, sem data, outras coisas que não corremos atrás. De fato aconteceu pois, não tem ninguém ajudando, participando. Dar conta de tudo sozinho não tem como, então, vai do jeito que vai. Existem membros que apareceram agora, mas que faziam mais de 15 anos que não apareciam nas reuniões. As reuniões funcionavam com o Sr. Osvaldo Dibbern e mais dois membros que corriam atrás das coisas. Uma vez falaram em acabar com a Associação, aí um monte de gente apareceu, tomou força de novo, foi aí que eu entrei como membro da Associação sendo vice-presidente.

Jornal Pires: Como era a economia do Bairro naquela época Sr. Osvaldo?

Osvaldo Dibbern: Era basicamente mudas de laranjas plantadas no chão. Existiam mais de 40 produtores de mudas.

Jornal Pires: Quais os problemas que vieram aparecendo com o tempo no bairro?

Osvaldo Dibbern: Por volta de 1989, a passagem pela Anhanguera foi interditada. A estrada dos Pires (que liga o bairro rural à cidade) tem mais de 150 anos e a rodovia Anhanguera eu a conheço do tempo que era de terra batida, apenas uma estrada de rodagem que cortava a nossa estrada do Pires. Anos depois com a duplicação, a passagem do bairro para a cidade, que era feito cruzando a Anhanguera, foi fechado devido aos acidentes e mortes que ocorreram. Aí, era preciso ir até a rotatória principal da cidade para poder sair do Bairro. Muitos moradores não tinham carros, apenas tratores e carroças e como colocar isso na estrada? Era muito sacrificado. Aí o povo se revoltou, e o pessoal do Bairro dos Frades que passam pelos Pires também apoiou. Todos se reuniram e quem tinha um trator, uma plaina, um arado, quem tivesse um implemento que possa mexer com a terra se encontrou lá na beira da rodovia para protestar contra o fechamento da passagem. Chamaram o prefeito, na época era o Jurandir Paixão (1930-2002), veio Policia Militar, Rodoviária e vários assessores. Quando o prefeito viu aquela turma, tratou de ouvir os nossos pedidos e abriu novamente a passagem. De repente fecharam a passagem e foi feito outro protesto, com outro prefeito no cargo, Paulo D´Andrea (1925-2006), juntamos 60 tratores para ir até a prefeitura, pela Anhanguera, debaixo daquela chuva, para falar com o prefeito e ele nos atendeu, molhados dos pés a cabeça, e prometeu fazer uma passagem por debaixo da rodovia, do jeito que está hoje. Há males quem vem para o bem.

Jornal Pires: Qual outro objetivo alcançado pela Associação?

Danilo Fischer: Bom, aos poucos pararam de jogar poluentes e esgoto industrial no Ribeirão. A Associação também foi atrás de trazer a pré-escola para o Bairro e conseguiram em nome da Associação. 

Osvaldo Dibbern: Fomos atrás em 1997, devido à epidemia de loteamentos pelo Bairro. As pessoas foram comprando chácaras de 1000m² sem pensar nas conseqüências. Um vizinho falava pro outro que tinha comprado uma chácara a troco de um carro usado e o outro vizinho ia lá e oferecia uma moto usada, só não puseram a mulher no negócio porque não podiam, porque ninguém ia pegar. Aí era acumulo de lixo no meio de canaviais, eu mesmo achei um monte de lixo espalhado por uma plantação minha e revirando esse lixo, não é que eu acho o telefone e endereço da pessoa que jogou o lixo. Na mesma hora liguei para o sujeito que ele tinha 24hs para vir retirar o lixo da minha propriedade ou então, iria chamar a polícia. No outro dia estava tudo limpo. E quantas queimadas de mato seco ou verde que prejudicou algumas matas por aqui, porque o sujeito não sabe mexer com fogo e perde o controle, deixando ele se alastrar para as propriedades vizinhas. 

Na época que eu era presidente fui no gabinete do prefeito falar da exploração e invasão de propriedades por pessoas que tinham comprado chácaras nos loteamentos. Fizemos queixa na Prefeitura, Ministério Público, Delegacia, Casa da Agricultura. Aí, um belo dia recebi uma intimação para comparecer diante do juiz para depor diante de vários loteadores presentes. Essa briga deu início para a prefeitura fazer uma lei para loteamento na área rural, sendo que ela aprovou essa lei recentemente que regulariza esses loteamentos clandestinos (N.E.: Lei Municipal 357/2005 – para regularizar as chácaras consolidadas até 2005, depois dela já vieram outras leis municipais que tratam do tema e a nova lei complementar 813/18, incluiram os loteamentos de chácaras consolidados até dezembro de 2016).

Jornal Pires: Vocês citaram que a chegada de novos “vizinhos”, o pessoal das chácaras recreativas, colaboraram para o aumento de queimadas caseiras, aumento do lixo nas estradas e também a invasão de propriedades dos agricultores para roubar as laranjas e mangas dos pés. Em relação a isso, qual a atitude que a Associação tomou?

Danilo Fischer: É delicado e muito complicado essa questão. Por que a lei existe, você não pode entrar na propriedade de outro e roubar, é a mesma coisa que entrar no mercado e roubar uma bala. Às vezes, relevamos muitas coisas, como pessoas que disseram que só estavam chupando “duas” laranjas mas, já entraram de carro, enchendo o porta-malas, nos dizendo que a laranja está caindo no chão e apodrecendo.

Osvaldo Dibbern: Sou a favor de levar 10 pessoas no mercado, chamar o jornal e a televisão e começar a comer uma maçã dentro do mercado. Eu quero ver o que vai acontecer.

Danilo Fischer: Pra se fazer alguma coisa, pra coibir a invasão de propriedade, tem que ter base na lei. Se usar de violência, você estará contra a lei e se for esperar da lei, a lei não vai fazer nada. É fato que qualquer pessoa pode prender a outra e chamar a polícia, mas quem vai fazer isso? É difícil a gente pensar qualquer coisa pra resolver isso. Acredito que o começo de tudo é a educação. 

Jornal Pires: Como será a continuidade dos trabalhos da Associação de Amigos do Bairro dos Pires com a criação de novas associações de condomínios que estão surgindo para regularizar suas chácaras de recreio junto à prefeitura?

Danilo Fischer: Hoje a Associação de Amigos do Bairro dos Pires está sem forma, no momento. O meu mandato acabou no final de 2004. Desde então, não teve gente suficiente, nas reuniões, para se montar uma nova diretoria. Mas é exatamente isto que estou tentando fazer, dia 20 de março de 2006, pretendo convocar uma nova Assembléia, para incentivar o pessoal a participar mais, dar passos para colocar em ordem e reunir uma chapa para a diretoria. Ir atrás da Receita Federal, INPS e toda burocracia. Feito isso, começar um diálogo com essas outras associações para organizar melhor para melhorar esse Bairro. Que as novas associações possam tomar conta de evitar a invasão de propriedades dos sitiantes e produtores. Que elas possam ser responsáveis pelo lixo que seus ‘chacareiros’ produziram. E a Associação de Amigos seria um ponto central para as outras reivindicações como segurança, transito, transporte, etc.

Jornal Pires: Quanto ao resgate da colonização alemã no Bairro o que a Associação de Amigos promove?

Danilo Fischer: Pra te falar a verdade, hoje em dia a Associação só existe para fazer a Festa Alemã. A Associação de Amigos sou só eu, de toda a diretoria, pra correr um ano todo preparando a festa com o apoio total e imprescindível da Secretaria de Cultura do Município. Com essa festa, a Associação recebe recursos para aplicar no Bairro. Hoje, só tem eu e mais dois membros. Temo em investir esses recursos no Bairro com o receio de que um processo judicial recaia sobre mim. Quando fazemos a Festa Alemã é destinada uma verba para uma casa assistencial. Em 2005 a escolhida foi a ALICC. Também já foi feita uma doação para a construção da biblioteca da escola do Bairro. Mas quanto ao resgate da cultura alemã é só um dia de festa, acabou a festa acabou a cultura.

Jornal dos Pires: Considerações finais Danilo?

Danilo Fischer: Eu acho que todos os moradores do Bairro dos Pires deveriam se interessar mais para desenvolver a Associação e seus serviços. Parar de criticar e colaborar muito mais. Deixar de ser um “muro”. Deixar um pouco os próprios afazeres e se apegar mais pela Associação de Amigos e pelo Bairro onde moramos.

Jornal Pires Rural: Páginas da entrevista publicada no ano de 2006
Jornal Pires Rural: Páginas da entrevista publicada no ano de 2006
Paisagens Pires: em sentido horário: Ribeirão dos Pires; Manchete Jornal Pires Rural 2006; Lixo espalhado pelo acostamento; Dano ao sistema de saneamento de esgoto na EMEIF Rural Martin Lutero
Paisagens Pires (em sentido horário): Ribeirão dos Pires; Manchete Jornal Pires Rural 2006; Lixo espalhado pelo acostamento; Dano ao sistema de saneamento de esgoto na EMEIF Rural Martin Lutero

Julho de 2020 – Um bairro reconfigurado

Enviamos via WhatsApp, no dia 31 de julho de 2020, perguntas a Danilo Francisco Fischer, atual presidente da Associação dos Amigos do Bairro dos Pires (A.A.B.P.). Danilo retornou as respostas no dia 15 de agosto, nos escrevendo que “tivemos uma reunião da diretoria e aproveitei e expus as questões as quais vocês me enviaram. Respondemos em conjunto, dando assim maior credibilidade. A Associação não autoriza a reprodução parcial de suas respostas, devendo ser publicado na íntegra as perguntas e suas respectivas respostas.”. Leia a entrevista na íntegra com as respostas enviadas por escrito:

Jornal Pires Rural: A Associação dos Amigos do bairro dos Pires, ao longo da sua atuação vem lidando com os problemas que atinge um bairro rural. Com a rurbarnização causada pela especulação imobiliária, como a Associação tem se preparado para gerenciar problemas dessa envergadura como ocorrências mais graves, exemplo; o assalto na via Matin Lutero, na tarde do último domingo (26/07), o ateamento de fogo em três casas no bairro, na mesma semana? 

Associação Amigos do bairro dos Pires: Nossa Associação de Amigos do Bairro dos Pires, fundada em 12 de janeiro de 1981, tendo como sede para assembléias e reuniões as dependências da EMEIEF ( R ) Martim Lutero, Comarca de Limeira/SP; não possui qualquer restrição a cor, política ou religião, sua finalidade principal consiste em reivindicar melhorias pelo bairro, lutar por melhores condições de vida para a população local e associados,  pleitear por melhorias na qualidade da educação local, visando bem estar social, apoiando, incentivando, planejando, ocasionalmente organizando e realizando exposições, palestras, feiras, eventos natalinos, esportivos e gastronômicos, festivais musicais e culturais, realizando a Deustschesfest, visando e empenhando-se para obter obras de benfeitorias e de conservação do bairro, pleiteando auxílio para os orgãos públicos e entidades para alcançar as metas supra citadas, nossa associação se difere das demais associais de condomínios de edifícios ou associações dos loteamentos urbanos ou rurais, sendo sua principal função informar e requisitar dos órgãos públicos apoio às necessidades de melhorias sugeridas e demandadas pelos moradores de nossa região, visando sempre a coletividade e não interesses pessoais ou de grupos específicos.

A Associação tem sido ao longo de todos esses anos uma ferramenta que a comunidade rural tem a seu favor, buscando sempre soluções para os problemas.  

No entanto, não cabe a esta entidade gerenciar problemas decorrentes de segurança pública e de outras entidades, exemplo corpo de bombeiros, mas para maior segurança dos moradores buscamos a instalação de um canal direto entre os moradores e Polícia através do Grupo Vizinhança Solidária.

Jornal Pires Rural: O bairro dos Pires já apresenta ocorrências reais de um bairro urbano?

Associação Amigos do bairro dos Pires: A associação do Bairro dos Pires sempre primou pelo bem social do Bairro e de seus moradores, almejando pela qualidade de vida da coletividade. Porém, não tem competência para agir e interferir em questões municipais, estaduais, não pode intervir nas gestões de saúde, segurança e questões sociais que são reguladas e disciplinadas por autoridades e autarquias públicas. Assim, muitos dos problemas e ocorrências individuais não são relatados pelos moradores à Associação mas diretamente as autarquias competentes, sendo que existe mudança em diversos seguimentos advindos do crescimento da população e proximidade do bairro ao limítrofe urbano. 

Jornal Pires Rural: Sabemos do empenho da Associação frente às demandas e falta de investimento no bairro dos Pires que sofre um crescimento populacional desenfreado. A Associação tem registro de quantos loteamentos e de quantas residências tem no bairro atualmente? A Associação mantém ingerência junto a esses “condomínios” ? Como está essa relação comunitária?

Associação Amigos do bairro dos Pires: A Associação não mantem nenhum cadastro ou controle dos loteamentos existentes, regularizados ou não. O nosso estatuto  não tem por objetivo coletar dados estatísticos, sendo que tal providencia é regulamentada por leis municipais, estaduais e federal. No entanto a Associação realiza um trabalho de comunicação junto a Prefeitura Municipal, indicando com precisão a localização e pedindo providências e fiscalização sobre os condomínios já existentes e sobre a abertura de novos loteamentos.

Jornal Pires Rural: A Associação acompanha de perto as demandas da EMEIF. Rural Martin Lutero, inclusive fazendo investimentos na manutenção da unidade escolar. É público que a unidade está sem um sistema de saneamento adequado a saúde pública, desde antes do início da pandemia do coronavírus. Porque ainda não foi solucionado?

Associação Amigos do bairro dos Pires: A Associação acompanha há anos os projetos, as demandas e as necessidades da EMEIF. A associação tem acompanhado semanalmente e foi uma das responsáveis em pleitear junto à Secretaria da Educação e prefeitura o máximo de empenho para solução adequada do saneamento. 

Jornal Pires Rural: O aumento populacional do bairro pressiona por mais vagas na unidade escolar? Essa demanda já se equipara a um bairro urbano?

Associação Amigos do bairro dos Pires: A Associação não acompanha o aumento populacional do bairro através de estatísticas, mas é visível que ocorreu um grande crescimento populacional e consequentemente maior solicitação por vagas. Assim reportamos o que a diretora da EMEIF nos informa que há uma demanda por vagas há anos e a associação tanto acompanha como busca soluções junto aos poderes legislativo e executivo; a escola sempre terá como primícia principal ser “Escola do Campo”. Assim ela é reconhecida pelo órgãos federais, municipais e seu projeto político pedagógico configura-se como tal. A Associação sempre apoiou a unidade escolar por meio de doações quer seja materiais e financeiras porém não tem autonomia para decidir e intervir em questões burocráticas relacionadas à sua infraestrutura e questões burocráticas, apenas reivindica melhorias como sempre as fez (criação e construção da educação infantil, ampliações, projeto de robótica, etc)

Jornal Pires Rural: Sobre as condições de descarte de resíduos não autorizados no Ribeirão dos Pires, já existe produtor rural fazendo declaração de que não faz uso da água do Ribeirão na irrigação da produção de seus alimentos. A imagem do bairro está afetada como produtor de alimentos devido a má qualidade da água do Ribeirão?

Associação Amigos do bairro dos Pires: A Associação não tem condições e nem poderes para identificar a autoria, fiscalizar, autuar e punir os responsáveis pelo descarte de resíduos no Ribeirão, porém em um trabalho de campo juntamente com moradores mantêm contato diretamente com os órgãos competentes, alertando-os e pedindo providências quando há alterações de cor e cheiro da água. Quanto a declaração de morador que não faz uso da água para irrigação na sua produção, salientamos que tal matéria é regulamentada pela Agência Nacional de Águas, a utilização de recursos hídricos necessita de outorga e dessa forma, entendemos que não afeta a imagem do bairro essa declaração, porém a Associação há muitos anos se preocupada com a qualidade da água e tem engajamento na preservação do meio ambiente em especial em manter limpo o Ribeirão.

Jornal Pires Rural: A Associação acredita que a fiscalização do poder público garantirá a qualidade da água para uso na produção de alimentos?

Associação Amigos do bairro dos Pires: Como já mencionado, para que um produtor utilize recursos hídricos necessita de autorização e outorga federal, assim, o objetivo da Associação não é buscar do poder público que a água possa ser utilizada para produção de alimentos de forma individual, pois incansavelmente a Associação tem fiscalizado e cobrado de órgãos públicos e demais autoridades as providências quanto  a qualidade da água e sua utilização para preservação ambiental.

Jornal Pires Rural: Há 15 anos acompanhamos o aumento da quantidade de descarte de lixo doméstico sem o devido gerenciamento para a sub-bacia do Ribeirão dos Pires. Medidas paliativas não resolveram o grave problema. Não seria a hora da Associação ter um gerenciamento efetivo dessa situação? O que falta para a associação envolver todos os moradores no investimento para a destinação correta do próprio lixo doméstico?

Associação Amigos do bairro dos Pires: A Associação não tem condições de suportar tal encargo em virtude da quantidade e volume de lixo pois não tem recursos financeiros, é uma Associação sem fins lucrativos, para encabeçar e gerenciar um projeto e sua execução particular. No entanto,  estamos desenvolvendo um projeto de conscientização dos moradores e visitantes juntamente com a EMEIF  para que embalem e descartem seu lixo de forma correta, pois enquanto os moradores e  visitantes não se conscientizarem nunca haverá uma solução para o problema. Além disso há diversos ofícios protocolados e já foram realizadas reuniões com o Prefeito Municipal visando que  administração pública realize melhorias aumentando os pontos de coleta, projetos e obras para resolver essa questão.

Jornal Pires Rural: As vias estão sujas, com muito lixo espalhado, para além do local de descarte do lixo doméstico. Não seria a hora da Associação ter um gerenciamento efetivo dessa situação, envolvendo, de fato, todos os proprietários a limparem a frente de suas propriedades — como um bairro urbano —, contribuindo para a limpeza e melhorar a imagem do bairro?

Associação Amigos do bairro dos Pires: A Associação não pode ser responsabilizada pela falta de consciência de  pessoas que jogam seus lixos nas estradas e pela falta de locais de coletas adequados. Diante dos esclarecimentos acima, conclui-se que a Associação de Amigos do Bairro dos Pires não possui recursos e não possui legitimidade para cobrar taxa ou qualquer contribuição por parte de seus associados/moradores para manter a limpeza de vias públicas e não podemos impor o ônus aos proprietários que façam a limpeza pública, porém, temos projetos para que os visitantes e moradores também tenham cuidado e consciência para que não descartem o lixo nas vias públicas, sendo que como já mencionado podemos fazer palestras e campanhas e reiteradamente estamos pleiteando perante os órgãos públicos melhorias para a comunidade a qual representamos, inclusive com a instalação de outros pontos de coleta e limpeza da via pública.

A Associação não autoriza a reprodução parcial de suas respostas, devendo ser publicado na íntegra as perguntas e suas respectivas respostas. Att

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